Um exemplo a ser seguido

download (4)Semana passada, de 11 a 16 deste mês de setembro, nossa cidade abrigou um excelente evento, que muito contribuiu para dinamizar a comercialização de produtos artesanais de nosso Estado, e de vários outros Estados do nordeste.

Com o nome de Nordeste Criativo, o evento aconteceu em um ambiente do espaço interno da Casa do Maranhão, aonde foram instalados os expositores convidados de outros Estados, ao lado de expositores maranhenses. E na rua Portugal, aonde ficaram os artesãos maranhenses que participam da tradicional Feira da Cidade, que a Prefeitura Municipal vem promovendo, mensalmente, na Praça Maria Aragão, com suas tradicionais tendas coloridas, e um artesanato gracioso e multiforme, que tanto tem seduzido os que têm tido oportunidade de conhecê-lo.

Registro que é um exemplo a ser seguido porque esse evento, conquanto tenha recebido apoio da prefeitura, do governo do Estado, do SEBRAE, do Banco do Nordeste, dos Correios, foi promovido pela iniciativa de uma promotora de eventos, que mobilizou todo um seleto grupo de expositores nordestinos, com um artesanato primoroso, e buscou o apoio de mídia, para dar-lhe o suporte de divulgação, de forma eficiente e desejável.

Participaram da exposição artesãos representando Paraíba, Alagoas, Piauí e Maranhão, com um elenco de produtos e oportunidades de negócios muito especiais para os que produzem, e para os que comercializam esses produtos.

Estive, por três vezes, naquele espaço e constatei o acerto de decisões realizadoras como essa, pela pluralidade de pessoas que elas envolvem e beneficiam, de forma direta e indireta. Na primeira vez, já era noite. Pude ficar, com Janaína, na praça que ali está construída, ligada à Casa do Maranhão, e nos deliciamos com um “boi” de orquestra que ali brincava, encantando os presentes com a cadência de suas índias, de seus vaqueiros, com o bordado do couro de seu novilho. 

Em torno da praça, naquela noite, estavam as barracas com as comidas típicas que nos acostumamos, desde crianças, a preferi-las, a mergulhar em seus sabores, como parte de nossas tradições e de nossa cultura.

Incentivados por aquele ambiente acolhedor, pela presença de tantas pessoas vendo, sentindo nossa cultura, voltamos no outro dia, no decurso da manhã, para apreciar os trabalhos que ali estavam expostos, para comercialização. Naquele dia, já estavam armadas as tendas coloridas dos artesãos de São Luís, na rua Portugal.

Um público muito curioso, interessado e comprador, estava ali, com interesses diversos, certamente. A riqueza de eventos como esse está nas múltiplas possibilidades de trocas que eles oferecem. Trocas comerciais, pela compra e venda; trocas artísticas pela criatividade que ali está exposta, em uso de materiais, formas, cores, para a produção de uma arte que, muitas vezes, é decorativa, e que, outras vezes, é utilitária. Mas que, no âmago, é arte pura, nascida das mãos ingênuas de artistas anônimos, que vão dando graça, dando vida, dando existência perene a materiais de vida curta.

Na terceira vez, domingo à noite, havia uma profusão de barracas, de comidas típicas, de doces e salgados, relíquias que nos dizem respeito e que deveriam estar sempre mais disponíveis para nossos desejos, em locais certos e sabidos, em espaços como esse, com dias mais definidos e presentes.

Sempre, nas três vezes que ali estivemos, havia um grande público transitando, vendo, comprando, criando aquele clima gostoso de feira de artesanato, nos incentivando a estar ali e a colaborar para que eventos como esse sejam consolidados. A razão desta crônica está exatamente aí. Representar uma forma de contribuição para a avaliação que planejamento oficial precisa fazer para tomar decisões nesse sentido.

Uma ideia, a partir dessa experiência bem sucedida, pode ser a instituição de uma feira de artesanato do norte e nordeste, em São Luís, com data fixa no calendário de eventos do Maranhão. Institui-la como ação do governo do Estado, com o apoio essencial da prefeitura de São Luís. Isso, não para sufocar a iniciativa privada de promovê-la, mas para apoiá-la. Para facilitar a alocação de recursos, a previsão orçamentária. Para facilitar o diálogo e a participação dos outros Estados que seriam abrangidos por ela.

Outra lição que a experiência desse evento nos deixa, para reflexão, é a necessidade de projetarmos eventos, de médio porte, de evidentes apelos de participação popular, que envolvam bens da cultura material ou imaterial, para serem realizados na Praia Grande, a partir de espaços consagrados como o Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, da Casa do Maranhão, da Casa do Artesão.

Esses eventos serão de essencial importância para a reabilitação urbana daquele espaço, que precisa de outras medidas incentivadoras de circulação, de permanência de pessoas em suas vias, em seus estabelecimentos, para a manutenção valorativa de todo o acervo que ali está consagrado. Cito como exemplo de medida necessária, a reabertura do tráfego, para veículos de passeios e táxis, em um lado da rua da Estrela, a partir da rua de Nazaré e Odylo, em mão única, facilitando o acesso de pessoas, dinamizando a Feira da Praia Grande, pela possibilidade de reabastecimento e compras, com mais facilidade e atraindo mais turistas para aquela área.

O evento Nordeste Criativo representou um exemplo a ser seguido, como realização que pode contribuir para o desenvolvimento de nossa cidade, sob vários aspectos, a partir de políticas públicas comprometidas com mudanças positivas e sustentáveis. Amar a cidade é participar de suas mudanças. É preciso amar a cidade.

One thought on “Um exemplo a ser seguido

  • 23 setembro, 2007 em 20:52
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    Sou Sônia Espíndola, jornalista, idealizadora e Produtora do Evento Nordeste Criativo, fiquei bastante tocada com sua crítica favoravel a idéia por mim concebida, e, digo: essa foi a minha declaração de amor a São Luis e ao Maranhão, terra em que vivo e me sinto feliz. Já estou trabalhando no sentido de manter o evento no calendário oficial do Estado e da Cidade, mas, sobretudo no sentido de incentivar os artesãos a continuarem a saudavel experiencia de troca, valorização e valoração dos trabalhos proprios e dos outros, por que a partir dessa consciencia tudo se tronará mais facil e independente dos poderes constituidos. Como jornalista de economia que sou vejo que o Maranhão precisa sair da informalidade e deixar o paternalismo para trás. As condição para isso?… se cria, materia prima?… se tem, artistas não faltam, então porque não incentivar? O Maranhão tem um enorme potencial de criatividade, e deve ser olhado com profissionalismo. No mais, tudo se ajeita. Muito obrigada, Sônia Espíndola

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