A família, ainda contra a parede

 

Bolsas de estudoNão podemos continuar assistindo, passivamente, enquanto cidadãos e pais de família, o verdadeiro massacre dos meios de comunicação de massa, que tentam nos induzir, cotidianamente, o consumo de todos os tipos de produtos, inclusive o de bebidas alcoólicas.

Não podemos continuar assistindo ao assédio perverso, destrutivo que os fabricantes e comerciantes de bebidas alcoólicas promovem, usando a mídia em todas as suas formas de expressão, para seduzir os consumidores especialmente os jovens, usando imagens de artistas consagrados, para promover o consumo de suas marcas, como se o álcool fosse benéfico à saúde.

Lamentável, também, é a falta de comprometimento desses artistas que, no afã de engordarem suas contas bancárias, em alguns dígitos mais, deixam que suas imagens de ídolos públicos sejam utilizadas para fins moralmente condenáveis, contribuindo para a destruição de tantas vidas juvenis, de tantas famílias, pelas previsíveis e destrutivas ações do álcool, como droga inicial, intermediária ou final.

Sabemos que o álcool é a mais perversa das drogas, por várias razões. A primeira delas é sua não proibição como droga. A segunda é seu preço, que é muito acessível. A terceira é sua distribuição, que o torna presente em todo lugar, desde o mais exposto ao mais recôndito. Em qualquer quitanda de bairro pobre o álcool ali está, vendido a retalho e a varejo, a gosto do freguês. Infelizmente, esse freguês muito visado é o adolescente, o novo mercado de expansão irresponsável desse consumo.

No entanto, o álcool é a porta de ingresso para todas as outras drogas. Através do álcool vêm todas as outras, uma chamando a próxima, a mais grave, a mais desagregadora, a mais letal. Quase todas são potencialmente letais e, de uma forma ou de outra, acabam destruindo vidas, famílias e apodrecendo o próprio tecido social.

Uma lei, de minha autoria, proibiu a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos, em nossa cidade. Será tão difícil fazer cumprir essa lei? Por que não cumpri-la, no interesse da família, da sociedade, dos próprios jovens?

No entanto, os jovens estão pelas madrugadas, sem serem molestados, apesar de existirem leis que os resguardam de estar expostos, em local e horas indevidas. Nos bares, nas lanchonetes, nos botequins, não raro são encontrados jovens ingerindo bebidas alcoólicas, sem qualquer tipo de repressão por parte do Estado.

O poder público não pode ser tolerante, conivente com esse tipo de comportamento ilegal, porque submete uma ou mais gerações inteiras ao descaminho, com um gesto de omissão. Quantos jovens, nesta época de agora, estão iniciando uma vida de destruição interior, a partir da ingestão de bebidas alcoólicas? Quantos já estão iniciados e se encontram em fase mais avançada de compromisso, de dependência das drogas, tendo o beneplácito da omissão do poder público, no que toca ao uso álcool?

A quem interessa esse estado de coisas? Certamente não interessa aos pais, nem aos jovens, nem ao poder público. Não interessa a ninguém, senão aos traficantes, aos produtores, aos que têm vantagens econômicas com essas atividades nocivas à sociedade e ao futuro. Não interessa, com certeza, a mais ninguém, além dos que se locupletam com a degradação da condição humana. Para esses, pouco importa saber se jovens meninas, que amanhã serão mães; se jovens rapazes, que amanhã serão os pais; se eles estão comprometendo sua felicidade, a saúde de seus futuros filhos; se eles estão em condições físicas e psicológicas de enfrentar desafios, amanhã.

Os jovens são a riqueza mais delicada e emergente de um país. Não podemos tergiversar com os problemas que envolvem a juventude. Eles precisam de nossa ação urgente, de nossa ajuda. Estamos na linha de frente da sociedade, porque temos o privilégio de ser representantes do povo e devemos discutir, encaminhar e adotar soluções para os seus problemas, que são nossos problemas também.

A família está contra a parede, sob os olhos do Estado, e pede socorro. Contra a parede pela dificuldade de criar e educar, dentro de padrões éticos e morais que sejam socialmente comprometidos com o passado, o presente e o futuro, num mundo que troca de valores como troca de moda: a cada estação. Contra a parede pela ausência de instituições públicas que apossam ampará-la, nos casos de graves conflitos, por usuários de drogas, adolescentes ou adultos. Contra a parede porque os pais têm sido as maiores e mais graves vítimas desse processo dramático, no cumprimento de seus deveres legais, afetivos, biológicos. Contra a parede porque, na medida em que cresce o número de usuários de drogas, entre adolescentes, e esses adolescentes, quase sempre, vivem com seus pais, aumenta potencialmente o número de pais que poderão ser vitimados por esse processo cruel.

É dever do Estado, portanto, adotar urgentes medidas de proteção à família, instrumentando-a para melhor cumprir suas responsabilidades, com o aval direto e determinado do poder público, em nome do interesse social.

Os jovens precisam de esperanças, de utopias que possam construir motivações, propostas pelo poder público. A família está contra a parede, e o tecido social apodrecendo, em função da proliferação das drogas.

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