Uma homenagem histórica na Câmara

 

Homenagem da Câmara 2018Em Sessão Solene, na manhã da última quarta-feira, a Câmara Municipal de São Luís, por proposta de seu atual Presidente, vereador Astro de Ogum, prestou homenagem a seus ex-presidentes, vivos, distinguindo-os com uma placa personalizada, indelével, onde o reconhecimento de seus méritos, na condução daquela Casa Legislativa, está escrito para a eternidade.

Ali estivemos, para receber tão honrosa homenagem, os ex-presidentes: Enoc Vieira, Edivaldo Holanda, Manoel Ribeiro, Deco Soares, Chico Carvalho, Ivan Sarney, Isaias Pereirinha, Pavão Filho e João Bentivi.

Em um Plenário repleto de vereadores, servidores, assessores, familiares dos homenageados, a comovente e densa Sessão atravessou a manhã e a alma de todos os que tivemos o privilégio de ali estar, como protagonistas, como auxiliares ou testemunhas de uma manhã inusitada, a inserir-se na história daquela Casa que, no próximo ano, completará 400 anos de sua fundação, sendo a quarta mais antiga Câmara do Brasil.

No centro de todas as emoções que ali emergiam, se refundiam e consolidavam, estava a pessoa nuclear do Presidente daquela Casa, o vereador Astro de Ogum, com quem convivi 14 anos, como vereador, quatro deles como Presidente.  Ali estava um homem de múltiplas luzes e virtudes, que muito me ensinou com sua fé religiosa, com sua forma de encarar as vicissitudes da vida. Um homem orgulhoso de sua origem humilde, que o impulsionou para alçar patamares diferenciados, em sua trajetória humana, politica, cultural. Um homem que preza o valor se sua palavra, que honra suas amizades, que sabe construir consensos, buscar convergências, e tem uma alma oceânica para acolher os mais humildes.

Ao lado do vereador Isaias Pereirinha e de João Bentivi, ouvi os discursos de agradecimento que os homenageados proferiram, ungidos por intensa emoção, expressando a grandeza singular daquele momento, e realçando o fato de estarmos sendo homenageados em vida.

A cada pronunciamento, um inesgotável filão de emoções era revelado, sob a mais legitima recordação. Ali não havia competição, não havia empáfia, não havia nada que pudesse ensejar mal entendidos, nem disputas de egos, por maior ou menor êxito de qualquer gestão. Havia, sim, uma alegria convincente, cristalina, por estarmos ali, por estarmos sendo homenageados como timoneiros que soubemos conduzir, cada um em seu tempo e a seu modo, os destinos daquela Casa. Dessa forma, ter ouvido os testemunhos de Enoc Vieira, de Manoel Ribeiro, de Edivaldo Holanda, representou, para mim, momentos de enriquecimento pessoal, imensurável, tomado de surpresa, por ignotas revelações de seus protagonistas.

Ouvir Chico Carvalho, Pavão Filho e João Bentivi, representou outro caloroso e gratificante prazer, por estarmos reencontrados no Plenário que nos serviu de espaço, para os debates em que nos envolvemos, inúmeras vezes, cheios de otimismo, de sonhos, de responsabilidades para com os destinos de nossa cidade. Fizemos legislaturas concomitantes.

Declinei da oportunidade de falar, naquela solenidade, calado por uma incômoda bronquite, que transformava minhas emoções em tosses, e me obrigava a recolher as palavras. Mas, ali estava, uma vez mais, tomado de emoções, de lembranças, de conquistas que o exercício da parcimônia, do respeito às ideias contrárias, da convivência harmônica, me oportunizaram oferecer à nossa cidade, com a parceria dos companheiros vereadores.

Sempre que entro naquela Casa, sou tomado por uma emoção indescritível, até hoje. Cheguei maduro, ali, aos 46 anos, saído de uma eleição em que minhas irmãs e irmãos maternos, meus amigos, meus leitores de artigos de jornais, me deram suas mãos e me ajudaram a conquistar 1.100 votos. Aquela eleição operou um grande milagre em mim. O milagre de sentir-me um missionário, ante aqueles que representava, ante minha cidade e seus gestores. Recebi, como um foco de luz Divina, aquela missão, o milagre de ter sido eleito, sem qualquer estrutura ou apoio político, e isso me encheu de energia, de força e vitalidade, reunidas na frase “É preciso amar a cidade”.

As eleições que vieram, posteriormente, foram colheitas de um bom, ético e lúcido plantio. A elas vieram, agregados, apoios de reconhecimento que me ensejaram cumprir três mandatos sucessivos (12 anos), e mais um meio mandato (2 anos), tendo assumido como 1º suplente.

Como Presidente, tive o privilégio, único, de fazer a primeira legislatura do Século XXI (2001 a 2004), com a consciência, cotidiana, dessa regalia, dessa oportunidade que, por si só, inscrevia na história daquela Casa, a gestão que estávamos realizando. Primamos por fazê-la digna de um novo momento, de nossas esperanças e sonhos, impregnando de poesia o Plenário, as decisões que tomávamos. Os projetos, impregnando-os de humanismo, onde o homem, a cidade, a história, as tradições, estavam no âmago de nossas motivações e objetivos de fazer.

Agradeço, portanto, ao Presidente Astro de Ogum, aos demais integrantes da Mesa Diretora, aos senhores vereadores, ao Cerimonial, aos servidores da Casa, a oportunidade de ter sido homenageado, de ter estado ali, com meu amor, Janaína e nosso filho, Caio. Recorro a Gullar ao concluir: “A cidade está no homem, quase como a árvore voa no pássaro que a deixa”.

Muito, eternamente, agradecido.

 

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