A permanente busca para estar ou ser feliz

 

ROSA VINHOA permanente busca para estar ou ser feliz constitui, talvez, a mais remota e difusa motivação humana para viver. Para viver ante os percalços, os dilemas, os sonhos e as esperanças que cada um de nós projeta, no curso de nossa vida.

O ser humano, por ser gregário, por ter necessidade essencial de relacionar-se com o seu semelhante, de partilhar suas esperanças e sonhos com outrem; de buscar sua realização pessoal, interior, naquilo em que empreende ou realiza, projeta etapas para suas realizações, para as conquistas desses sonhos pessoais.

Quando os realiza ou acredita que os realizou, atinge um estado muito íntimo de satisfação, que pode ser chamado de vitória. Essa vitória empresta à sua alma uma sensação de fluxo de endorfina, duradouro, que é parte indissociável de tudo o que chamamos de felicidade.

A felicidade é um estado de espirito, um estado d´alma. Um estado de luz, intangível, que envolve a cada ser humano que experimenta sua presença, com uma sensação diferente, especialmente sua, em intensidade e duração. Cada pessoa, portanto, sente estar feliz à sua própria maneira, tendo o seu corpo físico como base; seu corpo emocional e sensorial como estrutura, e sua escala de valores, como o termômetro dessas emoções.

É fato que a felicidade é uma busca permanente, pois, por sua própria natureza de energia, intangível, ela parece fugidia. Mas não o é. Ela fica, por um tempo, com seus fachos de luz, intensos, luzindo dentro de nós. Depois, esses fachos de luz parecem esmaecer.

“A felicidade é como a pluma que o vento vai levando pelo ar/ Voa tão leve, mas tem a vida breve / Precisa que haja vento sem parar”…

“A felicidade é como a gota de orvalho, numa pétala de flor/ Brilha tranquila, depois, de leve oscila/ E cai como uma lágrima de amor”…

Essas duas, belíssimas, alusões à felicidade pertencem ao poeta Vinicius de Moraes, em uma antológica canção em que ele afirma que “tristeza não tem fim, felicidade sim”. O poeta reafirma a natureza breve e fugidia da felicidade, como um bem de pouca duração, na vida de todos nós.

Isso acontece porque o ser humano, na ânsia de novas aventuras, vai menosprezando as conquistas realizadas, e projetando outros novos sonhos, numa busca incessante de vitórias, de conquistas, de troféus, inclusive quando trata do amor, no relacionamento pessoal. Em verdade, aquilo que pode parecer uma felicidade extinta, pode estar apenas adormecida, desprezada, dentro de nós.

Independente de nacionalidade, credo, cor, cultura, idioma, poder econômico, profissão, e tudo o mais que possa representar diferença ou peculiaridade, entre os humanos, todas as pessoas têm algum tipo de sonho e esperança a conquistar, algo que as motiva a lutar na vida.

Esses sonhos e essas esperanças é que variam, no tempo, no espaço, e na individualidade de cada ser vivo. Mas, todos estão em busca de ser alguém, de existir, de ter, de conquistar. Todos almejam ser ou estar feliz. Muitas vezes, essa felicidade consiste apenas em ver a luz do dia, ouvir o canto dos pássaros, ver os frutos da árvore plantamos. Enfim, coisas simples que passam despercebidas para tantas outas pessoas.

Apesar disso, existem pessoas que perdem felicidade pelas ruas, pelos parques, dentro de casa, no automóvel, no computador, nas redes sociais, na internet, até mesmo dentro de si. O que nos leva a acreditar que a felicidade está em todas as partes, em todas as coisas, em todas as pessoas, em todas as nossas utopias.

“Trago esta felicidade, que encontrei na minha rua/ Quem é seu dono, que está no reino da lua? Que se apresente/ Que é verdade nua e crua/ Nada comente, vá levando se ela é sua”… Anunciou o poeta Chico Maranhão, em uma de suas mais belas canções.

O bom é saber que existe felicidade para todos os gostos e necessidades. Saber que cada um de nós pode ser tão ou mais feliz que qualquer outro, dependendo de como vivemos a nossa vida, daquilo que valorizamos, do que necessitamos para estar bem conosco e com nossos semelhantes, de como partilhamos, de como projetamos sonhos e como nos dispomos a realizá-los. A vida é mesmo uma permanente busca para estar ou ser feliz.

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