O eterno encanto feminino

o encanto femininoPovos do mundo inteiro celebraram ontem, dia 08 de março, o Dia Internacional da Mulher. Nada mais justo do que reverenciar aquelas que são nossas companheiras de destino, nossos mais profundos e envolventes sonhos, nossas mais permanentes esperanças. Nada mais justo e pertinente do que esse gesto de fraternidade universal, em torno daquelas que são o limite de nossos horizontes, de nossas renovações de vida, e o segredo de nossas forças para vencer os obstáculos de nossos caminhos.

Para elas, todos os poemas, todas as canções, todas as melodias e tudo aquilo que melhor possamos qualificar na vida terrena, nesse plano de energia temporal, onde começam e terminam nossos encantos e desventuras. Para elas, todas as palavras que possam traduzir o indizível, que possam realçar, ante os olhos e os sentimentos das nações e dos povos, a sua condição de ser especial, singular e Divino.

Mas, apesar de tudo isso, de toda a grandeza espiritual e física da mulher, sua condição de ser ainda sofre intensas e inconcebíveis discriminações, nas sociedades do mundo inteiro. Um mundo dominado por sentimentos machistas de conquistas, de vitórias, de supremacia, de autoritarismos, de intensos preconceitos e estigmas quanto ao ser feminino.

As emissoras de televisão, os jornais, as rádios, têm mostrado aspectos gravíssimos desse conflito contemporâneo: a relação homem e mulher; masculino e feminino, independente mesmo de cultura, formação religiosa e nível econômico.

Homicídios, espancamentos, estupros, incestos, todos esses riscos e crimes contra a honra e a vida, fazem parte das manchetes cotidianas, onde a condição feminina quase sempre é a vítima. Essa vítima, na maioria das vezes, sofre agressões em sua própria casa, por maridos, pais, padrastos, irmãos mais velhos, amigos.

Abusos, violências e explorações sexuais estão entre as práticas mais comuns, nas ocorrências das Delegacias de Polícia. Habitualmente, em número muito tímidos, em relação ao incógnito da realidade silenciosa. Silenciosa sim, porque as vítimas, por questões de moral, de pudor, para evitar constrangimentos públicos, acabam cobrindo de silêncio os autores e os atos de violência que sofreram.

Precisamos de mais campanhas e mais repressão contra o abuso e a exploração sexual das crianças. Essas campanhas são da mais alta relevância para a sociedade e para o futuro, pois elas chamam à reflexão e à responsabilidade, todos nós, incluindo o poder público, a família, as instituições que têm a responsabilidade de estar vigilantes, resguardando direitos e deveres essenciais do cidadão.

É crescente o grau de perigo a que nossas crianças estão expostas, a partir de seus próprios lares, onde muitas vezes são constrangidas por parentes próximos, até chegar àqueles que agenciam menores, para a prática de atividades sexuais remuneradas.

A televisão vem denunciando a exploração criminosa da sexualidade das mulheres brasileiras, inclusive menores de 17 anos que, muitas vezes, são oferecidas como produtos de comércio, a homens europeus, que as escolhem através de vídeos onde elas aparecem desfilando em trajes mínimos, fornecendo dados pessoais e suas formas fisicas, para o interesse dos compradores.

Oh, tempos! Oh, costumes. As novelas, os comerciais, os filmes, os desenhos animados, tudo atualmente está impregnado de apelo sexual, erótico, sob a égide de uma sexualidade inconseqüente, em que nossos instintos mais ancestrais se impõem à nossa faculdade da razão, e sobre ela contam vitórias.

O desejo sexual é um dos mais fortes e incontroláveis impulsos primitivos que temos. A teoria da libido, formulada por Freud, não foi contestada, convincentemente, por nenhum dos seus sucessores. Somos, todos, independente de nossa formação e cultura, conduzidos à prática do sexo por uma necessidade vital, como elo de preservação da espécie humana. É força instintiva, inelutável, da natureza animal.

As leis são severas para os casos de estupro, para os casos de homicídios. Mas ainda não o são, nos casos de assédio, seja qual for a sua forma. Como proteger nossas crianças desses abusos e dessas violências? As escolas podem ser um caminho eficiente. A família, com certeza também pode ser.

As igrejas, os meios de comunicação de massa. Todos podemos ser. Todos podemos ajudar a libertar aqueles que estão presos a esses dramas, como vítimas. Todos podemos fazer algo construtivo, se dermos as mãos, se não pactuarmos com o silêncio, se soubermos ser vigilantes indignados, com essa dura e destrutiva realidade.

O poder público também precisa encontrar respostas satisfatórias às nossas perplexidades e expectativas, sob pena de sucumbir em suas próprias teias, negando a finalidade do Estado, como instituição; fazendo mergulhar na descrença, no desânimo, nossos sonhos e esperanças; enchendo de sombras e escuridão o futuro que estamos ajudando a construir, como artífices de uma nova sociedade, um novo momento de glória para o homem, para Deus e para a humanidade. Respeitando as crianças, as adolescentes, as mulheres, construiremos famílias mais estáveis e positivas. Amar a Cidade é proteger as mulheres, as crianças e os adolescentes, da violência, do assédio, da exploração sexual. É preciso amar a cidade.

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