As reclamações dos turistas

 

bumba-boiUma matéria publicada no caderno Cidade, deste jornal, no último domingo (dia 08), merece atenção especial dos atuais gestores públicos desse segmento econômico, em nosso Estado, por refletir impressões de turistas sobre nossa cidade, neste final de festas juninas e início do período de férias escolares, quando começa nossa estação do sol.

A chuva torrencial que desabou sobre a cidade, na tarde de ontem, segunda-feira, representa quase uma contestação ao reinado do sol, que sempre se instalou, entre nós, logo no início de julho e prolongou até o final de dezembro.

A chuva de ontem surpreendeu-nos, a todos, pela maneira lenta com que formou, pela forma como se espalhou pela cidade inteira, e pela densidade pluviométrica com que desabou sobre a tarde, enchendo-a de cinzento, toldando a visibilidade para os olhos, encharcando pessoas e conturbando o trânsito, além de inundar áreas de cotas mais baixas.

Naquela matéria, os turistas expressam suas opiniões sobre nossa cidade, quase sempre exaltando a beleza de sua arquitetura, da hospitalidade de seu povo, da riqueza de seu folclore, de sua beleza natural. Mas, quase todos, expressam preocupações com a segurança, no centro histórico; com a má conservação de equipamentos, no parque urbanístico da lagoa da Jansen; com a poluição da própria lagoa.

Alguns outros, fizeram observações sobre a falta de certos serviços, no centro histórico, como: agências dos Correios, farmácias, casas lotéricas. Além disso, foi observado que os banheiros públicos da Praça Nauro Machado estão fechados, com cadeado, o que os impossibilita de serem usados por quantos deles necessitam. Por outro lado, a biblioteca existente na área está fechada, sem acesso, portanto, a qualquer pessoa.

As opiniões, ali sintetizadas, refletem impressões de pessoas que aqui estiveram e, talvez ainda estejam; de pessoas que estão morando em nossa terra e que trabalham no setor de serviços, dentro do segmento turístico, como gerente de loja de artesanato, como gerente de agência de viagem, como é o caso de Dena Silva e Daniel Contente.

Este último expressou uma longa opinião sobre os bares da litorânea, no tocante a dimensões e conforto, e fez sugestões ligadas ao centro histórico, onde propõe bondinhos como forma de revitalizá-la.

Esse conjunto de informações, preciosas por terem sido colhidas no campo, precisa ser tabulado, condensadas, cotejadas com outras, de modo que delas possam resultar ações e políticas públicas que venham responder a essas preocupações, corrigindo falhas e dotando o segmento de melhor desempenho, no confronto com outros destinos nacionais e internacionais.

O turismo é uma atividade econômica crescente no mundo inteiro, por sua capacidade de envolver mão de obra dos mais diversos setores profissionais ou dos mais diversos interesses comerciais. Considerado como indústria não poluente, o turismo consegue agregar um número ilimitado de pessoas, em suas múltiplas atividades de serviços, produzindo crescimento econômico.

Um cuidado, no entanto, precisamos manter, permanentemente, buscando um ponto de equilíbrio entre o desenvolvimento de nosso turismo e a preservação de nossos valores culturais, de nosso patrimônio histórico, arquitetônico e paisagístico, e de nosso patrimônio ambiental.

Os turistas que estão visitando São Luís contribuem para torná-la mais bela ainda, pelo jeito descontraído que exibem, pela maneira como se integram à paisagem, pelo diálogo mudo que travam com as formas dessa cidade tipicamente portuguesa: uma cidade azulejada, com sobrados de arquitetura imperial, patrimônio cultural da humanidade.

Além disso, o sol, o clima, as praias, a culinária, o folclore, as artes em geral, a tradicional hospitalidade maranhense, as frutas, os doces, a beleza étnica de nosso povo, numa perfeita fusão das três principais raças que a formaram. Tudo aqui é encanto, ao lado do verde vegetal que nos envolve, de forma quase constante e nativa.

Uma das principais atividades agora, a cargo do poder público estadual e municipal, deve ser a de preparar nossa mão de obra, envolvida no setor, para receber bem o turista. Receber bem é tratar com cordialidade, com gentilezas, com simpatias, procurando informar-se para bem informar. Além disso, um bom sorriso ajuda; um pé de conversa sincera, também ajuda; a cobrança de preços não aviltantes é um fator essencial. Receber bem é, ainda, preparar profissionais, no setor, para falar o inglês, o espanhol, o francês, com desembaraço, de modo a permitir uma interação maior mais eficiente entre visitantes e receptivos.

Cada segmento precisa de umas orientações específicas, além de outras de caráter mais genérico, por serem comuns a todos. Garçons, taxistas, balconistas, pessoal de agências de viagens, de transportes e passeios pela cidade, os guias de turismo, os promotores de eventos, os ambulantes de comércio informal, os artesãos, os vendedores de lojas de lembranças; os cidadãos, de um modo em geral.

O turista tem que ser recebido e tratado como um amigo, como um cidadão, mas também como um cliente consumidor. Bem tratado, ele voltará ou fará recomendações positivas, trazendo mais turistas, mais recursos financeiros para dinamizar nossa economia. Mal tratado é um desastre. Seu efeito multiplicador será negativo, afastando novos possíveis visitantes, novos amigos que aqui viriam investir. Amar a cidade é receber e tratar o turista com cordialidade e simpatia, zelando por sua segurança e satisfação de consumo. É preciso amar a cidade.

3 thoughts on “As reclamações dos turistas

  • 16 julho, 2007 em 9:27
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    Ivan
    Admiro sua preocupação com a nossa querida cidade. Se todosd os jornalistas te imitassem, que beleza seria São Luis.
    Um grande abraço.
    Erasmo

    Resposta
  • 20 julho, 2007 em 19:42
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    Resposta de Comentário 1:Ao Erasmo
    Obrigado por sua gentileza e seu estímulo amigo Erasmo.
    Um grande abraço.
    Ivan Sarney.

    Resposta
  • 7 setembro, 2007 em 22:53
    Permalink

    Bem lembrado o abandono da Lagoa da Jansen. Lamentavelmente as nossas autoridades julgam que a solução de seu problema ambiental se resume a obras faraônicas. A resolução deste problema é tão simples que ninguém acredita. Este ambiente funciona como um viveiro de cultivo de organismos aquáticos, daí que o manejo preconizado nada mais é que movimentação de água (hidráulica). Temos uma amplitude de maré que favorece esta solução, mas nada é feito. Até quando?

    Resposta

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