Uma declaração de amor ao Centro Histórico

 

 

imagesA Prefeitura de São Luís realizou, na última semana, uma bela e oportuna campanha, em defesa do Centro Histórico de nossa cidade, que vem sofrendo um acentuado processo de depredação que o agride, e atenta contra a preservação de nossa memória.

Além disso, a presença constante de moradores de ruas, de usuários de drogas, amedronta moradores, desmotiva comerciantes ali instalados, e se transforma em desestímulo aos turistas que vêm à nossa cidade, na grande maioria das vezes, para conhecer aquilo que ela tem de mais singular e encantador, que é seu conjunto arquitetônico tombado.

A campanha, com o apelo: “Eu amo o Centro Histórico”, pretende chamar a atenção das pessoas para a necessidade de conservação dessa área, cujo conjunto urbano, arquitetônico e paisagístico, por sua importância histórica, é tombado pela UNESCO como “Patrimônio Cultural da Humanidade”.

Para mim, o grande mérito dessa campanha é conduzir a uma reflexão interior em que, cada um de nós, especialmente os aqui nascidos e criados, e os que aqui vivem e constituíram famílias, pode perguntar a si mesmo: o que estou fazendo para a preservação de nossa memória e de nossa identidade de cidadãos.

Essa reflexão nos permite reavaliar condutas, e dirigi-las para propósitos mais proativos, nos tornando agentes de ideias e propósitos que possam nos orgulhar do presente que estamos ajudando a construir, e do futuro que será a consequência de nossos atos de agora, na ação de nossos sucessores.

Afinal de contas, somos frutos de gerações e gerações de antepassados, que nos legaram não só a história que herdamos e nos conduziu, mas todo o perfil cultural que constitui e consolida nossa identidade. Costumo pensar nas gerações e no tempo, como uma corrida de revezamento, onde uns atletas corem para entregar bastões para outros, até que o todo o percurso seja cumprido, num menor tempo.

Precisamos ter consciência dessa nossa responsabilidade, enquanto cidadãos: ser parte condutora de um acervo imenso que recebemos, dos que nos antecederam, para entregar àqueles que nos sucederão.

A declaração de amor, que a campanha da Prefeitura propõe, é uma forma dos que amam e sabem que amam, dizer, aos que não sabem que amam, que eles podem amar ou mesmo, que eles já amam sem se dar conta. Diz, ainda, que eles são parte desse amor. Pois a cidade não é só feita de pedra e cal. Ela abriga as pessoas que constituem a sua própria alma. A alma visível, aconchegante e acolhedora da cidade.

Diz o padre Antônio Vieira que: “Um amor, naturalmente, clama por outro. E não há coração tão surdo, que chamado não ouça; nem tão mudo, que se ouviu não responda. Até o vento responde às vozes, no penedo. E o mesmo eco que parece que é repulsa, é correspondência.”

A campanha foi lançada em uma praça, recentemente, reabilitada pela Prefeitura, num claro e explícito gesto de amor que o Prefeito Edivaldo Júnior tem dado à cidade, recuperando dezenas de praças que são áreas de lazer, onde o verde e os equipamentos para acolher crianças, adolescentes e adultos, as tornam mais necessárias, aprazíveis e acolhedoras.

Sou dos que amam, explicitamente, a cidade. Estive Diretor Regional do IPHAN, por dez anos. Participei dos trabalhos, exemplares, do ”Projeto Praia Grande”, como parceiro federal. Estabelecemos e zelamos pelas diretrizes, prescritas pelos técnicos, que orientaram e continuarão orientando as intervenções, na área tombada pela União.

Como, então, vereador, sou o autor da lei que isentou de pagamento de IPTU os imóveis tombados de São Luís. Lei sancionada pela Prefeita Conceição Andrade, em emocionante e memorável dezembro, de 1994. Lei, posteriormente, aperfeiçoada, com nossa orientação de autor e vereador, na gestão do Prefeito Jackson Lago.

Congratulo-me, portanto, com os gestores municipais que participam da campanha: Socorro Araújo; Geraldo Castro; Fábio Henrique Farias. No entanto, eventos, palestras, vigilância e atos de integração institucional com a comunidade, serão necessários, permanentemente, para regar e fazer brotar o amor que gostaríamos de ver, explicitado, nos gestos de todos os cidadãos que aqui vivem, sonham e amam.

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