Violência contra a mulher também é problema nosso

 

Lei Maria da PenhaAs Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher, em nossa cidade, acabam de realizar, pelo quarto ano consecutivo, a campanha “Maria da Penha em Ação”. Motivo de aplausos para os que somos de paz e boa fé.

A campanha, por uma feliz proposta de concepção, objetiva promover a educação, entre os jovens, buscando conscientizá-los sobre a violência doméstica, através de palestras sobre a lei Maria da Penha; concursos de frases e produção de vídeos que, este ano, tiveram como tema a reflexão: “Violência contra a mulher também é problema seu”.

Escolas públicas, do nível médio e fundamental, constituem o foco das ações da campanha, visando esclarecer, educar e formar multiplicadores entre aqueles que, muitas vezes, também acabam sendo vítimas dessa forma de violência, no próprio lar.

O inestimável mérito dessa iniciativa, sob a coordenação das Promotoras de Justiça, Selma Regina Souza Martins e Márcia Haydée Porto de Carvalho, é o seu caráter educativo e o público ao qual está destinada, buscando, implicitamente, a parceria familiar, para enfrentar o problema.

A família, principal célula social, exerce papel, preponderante, como geradora e transmissora de conhecimentos e de valores morais e éticos, que marcaram e continuarão marcando as ideias e as ações, de todas as gerações, ao longo do tempo.

A mulher está para a família como a família está para a sociedade. São núcleos de suas bases formadoras e de suas existências. São elas, as mulheres, que gestam e parem; que aleitam e ensinam, desde o nascimento até a primeira infância, definitivamente.

Mas a violência humana está no cerne dos problemas sociais, no mundo inteiro. Essa violência chega a assumir proporções gigantescas, gerando permanentes conflitos armados, segregando e exterminando populações, em nome da religião, da soberania do país ou da causa pela qual litigam.

Foi assim, sempre. A história do homem, na Terra, foi feita de lutas. Nossos mais primitivos ancestrais precisaram lutar contra a adversidade natural do mundo, buscando abrigo em cavernas; lutando com animais selvagens; caçando e procurando alimentos para sobreviver.

Já se vão mais de dois mil anos, só do advento de Cristo. Nesse período, a civilização humana, fundou e construiu novas cidades e impérios; consolidou suas experiências culturais e seus saberes; desenvolveu conhecimentos científicos; projetou estilos arquitetônicos que se consolidaram, e passaram a angariar o respeito das civilizações que os consagraram e reproduziram; criou movimentos artísticos.

A civilização humana é outra, hoje. Mas nada, absolutamente nada, justifica a violência doméstica. A violência praticada contra sua própria mulher, companheira, mãe. Além disso, cidadã, ser humano da maior grandeza e plenitude, pelos dons divinos da maternidade; pelos trabalhos domésticos; pelas lutas e conquistas que alcançou no mercado de trabalho, fora do lar; na comunidade científica.

No entanto, a violência é uma imanência humana. Ela precisa ser domada, sublimada, para gerar ações positivas, para dirimir conflitos e construir uma cultura de paz. Essas conquistas só podem ser possíveis através da educação, principalmente, na família.

Na família, porque é em seu meio que se formam as crianças, os jovens e os adultos, de todas as sociedade humanas. Esse é o grande ponto de realce dessa campanha do Ministério Público, que deveria ser objeto de uma política pública, estadual, no âmbito do Executivo, com duração permanente, envolvendo as escolas de todos os municípios do Estado.

Além de sua proteção à mulher, considero essa campanha uma medida, essencial, de proteção à família, por tratar-se de violência doméstica, também praticada contra filhas.

A violência contra a mulher também é problema nosso, sim. Todos nós, irmanados, em defesa de quem é a parte mais bela e motivadora de toda a epopeia humana, no planeta que habitamos.

Nota: Este artigo foi publicado no Jornal Pequeno, segunda-feira, 30.11.2015, na coluna que o autor assina nesse jornal.

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