Os professores e a família no ambiente da escola

 

briga de escolaresEstamos assistindo, quase todos os dias, no noticiário nacional, cenas de violência nas escolas, envolvendo jovens, independente de sua classe social e gênero. Cenas que são gravadas por seus parceiros e postadas na internet.

Por qualquer pequeno desentendimento, adolescentes estão se agredindo, fisicamente, sob os olhares e incentivo de seus aliados, chegando essas agressões, algumas vezes, a óbitos ou gerando traumas permanentes em suas vítimas.

Outras tantas vezes, essas agressões têm sido dirigidas a professores, em contestação a suas orientações, reprimendas ou notas de avaliações. O uso do celular, em sala de aula, conversas e chacotas entre alunos, têm gerado muitos desses conflitos e motivado essas agressões.

Quase sempre, nessas ocasiões, nossos educadores têm sido vitimados por alunos, que promovem agressões físicas ou morais, escudados no fato de serem menores e na cumplicidade de muitos pais, que lhes dão apoio.

Os professores, especialmente, aqueles que lecionam em escolas públicas, onde estuda a maior parte dos jovens do ensino fundamental e médio, estão perdendo o interesse em lecionar, em continuar sua missão educadora, por falta de apoio institucional que lhes garanta respeito e segurança.

Decaídos de sua autoridade, em classe, professores não podem atribuir nota baixa a alunos, nem exigir ou prescrever comportamentos, com medo das reações, das ameaças de que têm sido vitimas, quase todos os dias, nos municípios brasileiros.

Os professores estão amedrontados. Os dirigentes escolares e seus auxiliares, também. Em verdade, todos nós estamos amedrontados. Não é só espanto e incredulidade com o que está acontecendo. É a pura e indesmentível constatação, que algo muito grave vem acontecendo de errado, no ambiente social, nas últimas décadas, gerando essa situação indesejável.

A família, sem dúvida alguma, está no cerne desse problema. Está no cerne por ser a mais importante célula social e por ser o primeiro e definitivo núcleo de educação de todos nós. Educação de valores e sentimentos que nada, absolutamente nada, fará mudar, radicalmente, ao longo da vida.

Nesta coluna, publiquei um artigo, em outubro, sob o título: “Educando nossos filhos para o futuro”. Ali procurei refletir sobre a importância da instituição família, ao longo dos séculos, e sua definitiva contribuição para a formação das gerações, dos povos, dos usos e costumes, de sua importância, impar, na formação da espécie humana.

Além disso, refletimos que a construção do futuro cidadão, do seu caráter, de sua personalidade e de sua formação, começa em casa, no ambiente familiar. Esse processo é construído por um aprendizado de palavras e exemplos comportamentais, protagonizados pelos pais educadores. Além disso, também, pela imposição de limites, a prescrição de incentivos para o desenvolvimento de suas potencialidades afetivas e intelectuais.

É claro que a desconstrução que a família vem sofrendo, nas últimas décadas, contribuiu para sua fragilização. Esse processo atingiu a autoridade paterna, de forma dramática. Atingiu de tal modo que, a grande maioria dos pais, contemporâneos, abriu mão da disciplina e do tratamento respeitoso, que a hierarquia paterna merece.

Os pais se esforçam para serem amigos dos filhos, quando deveriam se esforçar para serem pais. Ser amigo, nessa situação, é participar e apoiar os atos dos filhos, mesmo os atos reprováveis e socialmente condenáveis. Até o dia em que o confronto com a lei se torna inevitável, por usos e costumes ilícitos.

Ser pais é saber ouvir, transigir, estimular, mas impor limites. As crianças, os jovens, ensinam os psicólogos, precisam de limites. Eles mostram e pedem limites para seus atos. Isso acontece por que são impetuosos, porque não conseguem avaliar a extensão e a gravidade de seus atos, que parecem simples impulso, inerente à sua condição de criança ou adolescente.

Os reflexos da presença da família, no ambiente escolar, expõem um dos graves problemas da sociedade contemporânea. A família essencial está na escola, nas pessoas de seus filhos. Mas a escola essencial não está na família de seus filhos. O resultado, atualmente, está aí para nos amedrontar.

Artigo publicado no Jornal Pequeno, na coluna assinada pelo autor, em 16.11.2015 

Comente

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.