Os jovens precisam de esperanças

força jovemApesar de tudo, é nosso dever alimentar as esperanças da juventude; apontar-lhe os caminhos, iluminar-lhe os rumos e desfraldar todas as bandeiras que possam traduzir os sonhos e os anseios de um mundo melhor. Essa é uma tarefa inelutável que as gerações mais maduras têm, para com as mais tenras gerações.

E não podemos, nem devemos, sob pena de sermos execrados por nossos sucessores, abdicar desse dever de conduzir os passos e apontar os rumos dos que vêm depois de nós. O ser humano precisa de esperanças para poder viver, para alimentar sua alma, seu desejo de realizar-se como pessoa, como cidadão capaz de direitos e deveres.

É com as esperanças que materializamos nossos sonhos, que damos existência útil à temporalidade de nossa vida, que nos elevamos para alcançar nossa própria plenitude e nossa transcendência. É com as esperanças que alimentamos a energia transformadora de uma sociedade, e as forças que regem o universo inteiro.

Quem pode prescindir de esperanças? A natureza de nossa espécie humana nos adverte e nos ensina, que dela não podemos prescindir. Ela faz parte de nosso cotidiano mais singelo e sem sua ação magnética, perderíamos boa parte de nossas motivações psicológicas para lutar e vencer desafios. Em verdade, viver é alimentar esperanças. Essas esperanças tornam-se mais benéficas para o homem, na medida em que estejam relacionadas com suas aspirações essenciais.

Tudo é motivação para sonhar e viver. Inúmeras são as formas de alimentarmos esperanças e, com isso, alentarmos os caminhos de nossa vida, com estrito amparo espiritual e psicológico. Um homem que já amadureceu seu tempo de vida, não pode sonhar na profusão dos adolescentes.

Essa é uma lei natural, que faz mesmo com que a medida de nossas esperanças seja proporcional à expectativa de nossa vida. Dessa maneira, uma pessoa da terceira idade tem menos esperanças e sonhos que um adolescente, cheio de projetos pessoais para o seu viver emergente. Para os primeiros, a vida assume ares de páginas viradas mas, ainda que seja assim, suas esperanças constituem uma parcela significativa de suas vidas.

Para os últimos, os sonhos constituem a matéria principal da motivação de viver. Um adolescente é, na grande força potencial de sua vida, composto quase sempre de sonhos e esperanças. Para ele, o mundo é pouco real, nas suas agruras cotidianas. Para ele, o tempo não tem medidas tão dramáticas, de contagem regressiva.

Só com o passar do tempo, com a chegada da maturidade, as cores, as formas reais de todas as coisas, vão adquirindo outros aspectos de realidade. Claro que o tempo, a experiência e a própria vida fornecem os elementos dessa reflexão que é imanente a todos e nós e que, se fosse possível ser suprimida de nossa vida, nos aprisionaria de tédio, e nos condenaria à destruição. Somos seres emergentes em nossa percepção e nossa relação pessoal com o universo.

Mas o tempo é também o senhor dessas verdades. Faço essas reflexões para dizer aos jovens que não abdiquem de seus sonhos e suas esperanças. Ainda que o país, nestes dias amargos de agora, não lhes acene com caminhos de progressão pessoal, no campo do trabalho, distinguindo-lhes com programas que possam absorver suas expectativas de participação social; ainda assim, não abdiquem dos seus sonhos e tenham esperanças de que estamos criando condições de uma vida melhor.

O ócio, a falta de perspectivas, as desilusões com os governantes, podem levar à atitudes negativistas onde facilmente, a juventude pode ser presa dos traficantes de drogas, do álcool, dos estimuladores da desagregação social e do arruinamento da família. Quando isso acontece, o futuro de um País fica comprometido. Assim comprometido, fica comprometido o futuro da humanidade. Os jovens são o próprio futuro que está diante de nós.

Neles devemos depositar as esperanças de todos os povos e de todos os homens, com o advento de uma nova era, de uma renovação que se fará pela fraternidade, pela paz, pelo progresso com respeito à toda a grande ordem universal. A juventude é um estado poético onde o amor adeja sem asas, onde campeia a liberdade sob suas formas mais essenciais.

Por isso o jovem é contestador, é renovador, é libertário e deve ser estimulado a participar, a sentir-se integrado à comunidade produtiva, para complemento de sua formação profissional, para afastar-lhe dos acenos perversos do ócio, dos vícios, do arruinamento pessoal a que estão sujeitos, por serem o alvo principal dos traficantes, dos vendedores de ilusões e mensageiros da destruição.

Aos jovens, portanto, o nosso amor de pais e que, como pais, possamos fazer uma reflexão sobre os nossos filhos. Uma reflexão que nos conduza a pensar em que tipo de educação lhes estamos ofertando; em que forma de relacionamento temos para com eles. Em que tempo dedicamos para ouvir-lhes as dificuldades, as reivindicações; em poder estimular-lhes para o lado luminoso da vida.

O amor paterno não deve ser expressado pela dádivas de bens materiais, mas pela oferta permanente de carinho, compreensão, de tolerância, de disciplina, que possam melhor formar-lhes o caráter, a personalidade, preparando-os para enfrentar os permanentes desafios da vida. Precisamos da participação da juventude na tarefa de construção do amanhã. Amar a cidade é fomentar esperanças nos jovens. É preciso amar a cidade.

ivansarney@uol.com.br

Comente

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.