O cidadão como o foco da polícia

Por proposição da vereadora Marília Mendonça, e unânime aprovação dos senhores vereadores, a Câmara Municipal realizou, na última quarta-feira, um Painel, importantíssimo, com o tema: Segurança Pública.

O próprio conteúdo temático explicaria a importância desse Painel. Para mim, no entanto, ele foi importantíssimo pela qualidade dos painelistas que ali estiveram, para informar, para ouvir, para assumir compromissos, para aplacar nossa ansiedade, como representantes do povo, com o atual estágio da violência urbana, em nossa cidade, e a estratégia do sistema de segurança pública para enfrentá-la.

A vereadora Marília Mendonça, com firmeza e ternura, introduziu o tema, expondo as razões que a motivaram a propor o Painel, fazendo uma retrospectiva breve, mas contundente, sobre a história da violência, em nosso Estado, imputando razões de natureza política, além da conjuntura social, à violência que teria culminado com a morte de seu marido, o delegado Stênio Mendonça, por policiais do próprio sistema se segurança que ele integrava.

O ex-Secretário de Segurança Pública, delegado Raimundo Cutrim, atualmente deputado estadual, em sua fala, informou as conquistas incorporadas ao sistema de segurança pública do Estado, em suas gestão, como aumento de frotas, realização de concurso para delegados, baixos índices de criminalidade, formação de oficiais, polícia comunitária; e mostrou, comparativamente, os elevados índices de criminalidade dos dias de agora. Criticou, ainda, a transferência de delegados, por motivação política, que estaria acontecendo na atual gestão.

O Delegado Geral de Segurança Pública, Dr. Jefferson Portela, com determinação e coragem, expôs seu pensamento, sem fugir das palavras mais duras. E respaldando, suas convicções, em conceitos, em filósofos, na firmeza de caráter que demonstra ter.

Com certa rispidez, contestou o deputado Raimundo Cutrim. Em especial, quando denunciou que, também em sua gestão como Secretário, teria acontecido a transferência de delegados, por motivação política. Externou uma antiga divergência com o então Secretário, Raimundo Cutrim, e fez questão de deixar claro que nunca silenciou quando esteve discordante. Informou que a estatística da criminalidade aumentou porque os crimes ocorridos em horário de plantão, não eram registrados nas delegacias, nas gestões antecedentes. Agora o são. E solicitou, ao deputado que proponha emendas que destinem recursos ao sistema de segurança pública, nos orçamentos da atual legislatura.

Divergências pessoais, à parte, Dr. Jefferson Portela discorreu sobre a proposta conceitual da Polícia Cidadã, que a atual Secretária, Eurídice Vidigal, está tentando implantar nas mentes e nos hábitos dos que integram o sistema de segurança pública do Estado, unindo a polícia civil e a militar.

Por essa proposta, a polícia passará a compreender e vivenciar que o bem maior do sistema de segurança é o cidadão. Portanto, todos os problemas que afligem o cidadão, no seu viver cotidiano, são problemas da polícia, também. São problemas porque, se não forem resolvidos, podem resultar em crimes, delitos ou contravenções.

Assim, os pequenos desentendimentos de vizinhos; as provocações reiteradas que alguém sofre de outrem; uma pessoa com o automóvel enguiçado, na madrugada; o alto volume de som, num apartamento, incomodando aos condôminos. Tudo o que possa estar sendo um problema para o cidadão, passa a ser um problema da polícia, também, que deverá usar a palavra para convencer, para eliminar aquela situação que pode resultar em crimes.

Além disso, traçou o perfil do novo policial, no conceito da polícia cidadã, muito semelhante àquele que já preconizei nesta coluna, e que segue reproduzido: O novo policial, para mim, é um tipo de policial, semelhante aos carteiros, que trazem nossas alegrias, que são nossos amigos, que estão entre nós, irmanados e cúmplices de nossos contentamentos e tristezas.

A imagem de um carteiro é uma imagem poética. A imagem do novo policial pode ser e, de certa forma, já o é também. Uma polícia que reconhece o cidadão, em sua integridade física e moral, e o trata com o respeito e a consideração que ele merece. Uma polícia pelo cidadão, o que significa: pela ordem social e institucional.

Nós, cidadãos, vereadores, esperamos que tenham êxito. Mas o tempo está correndo nos braços da violência, ceifando vidas e destruindo esperanças.

O Coronel Adécio Luís Vieira, representando o Comandante da Polícia Militar, e o Dr. Petrônio Alves Machado, representando a OAB-MA, também usaram a palavra e trouxeram significativas contribuições ao Painel. Amar a cidade é registrar seus momentos de esperanças no amanhã. É preciso amar a cidade.

One thought on “O cidadão como o foco da polícia

  • 5 agosto, 2007 em 20:49
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    Este painel sem sombra de dúvidas foi de grande importancia para a sociedade maranhense como um todo.
    Excluindo as divergencias existente que jamais deveriam ter existido. Diga-se de passagem que apenas por parte do Del.Geral J. Portela, que foi infeliz e inoportuno. Deveria ter deixado para uma outra oportunidade, para dizer ao Dep. Cutrim que não o suporta. Serviu para conhecer o despreparo e o desequilibrio de uma pessoa que deixa o cargo extrapolar a sua cabeça.

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