Queremos nossa cidade mais pacífica

imagem 26Está crescendo, de forma preocupante, o índice de violência, em nosso Estado, especialmente, em nossa cidade. Basta olhar o noticiário que a imprensa, diariamente, estampa nas páginas policiais, nas manchetes e nas fotografias que publica, nos relatando os mais cruéis e frios homicídios, assaltos, roubos, estupros, sob o império de quadrilhas organizadas ou de criminosos ocasionais.

A natureza dos crimes, o aumento de suas ocorrências, as fugas constantes de presos, os crimes dentro das unidades prisionais, tudo isso reflete o gravíssimo momento de insegurança pública que estamos vivendo, quando o Estado muitas vezes, parece estar anestesiado, sem cumprir, a contento, o seu dever constitucional de principal mantenedor da segurança pública. É a violência social grassando, antenada com a violência que a mídia eletrônica divulga, diariamente, mostrando os detalhes de sua realização sofisticada e, de certo modo, contribuindo para sua multiplicação.

Por outro lado, vem o elenco de crimes praticados pelos cidadãos comuns, sem o poder de polícia do Estado, no cotidiano da vida social, onde imperam o álcool e outras drogas, que tantas vidas tem ceifado ou tanto trauma tem causado a suas vítimas. É a violência social imanente, que cresce por inércia, no bojo da degradação do tecido social, da desconstrução da família. Por onde andamos, sentimos que está crescendo o número de excluídos sociais e que essa exclusão, com absoluta certeza, está alimentando o crescimento vertiginoso da violência que cresce e ameaça a paisagem de nosso amanhã.

Quem são esses excluídos? Os que não têm escola, não têm empregos, não têm moradia, não têm assistência à saúde, não têm vestuários dignos e não têm sequer o que comer, no dia a dia. São aqueles para os quais a sociedade atual fechou suas portas, negou o exercício de seus direitos de cidadãos, e não tem qualquer perspectiva de futuro melhor para lhes oferecer. Esse contingente vem crescendo, atingindo a classe média empobrecida, tolhendo a dignidade humana, numa sociedade que privilegia o capital, a tecnologia e o mercado de consumo.

Uma sociedade que cultua a automação como forma de minimizar custos produtivos, e que, por isso mesmo, vai substituindo o homem pela máquina, gerando desempregados que acabam à margem do mercado de trabalho, que não se expande. No meio disso está o poder público, o Estado institucional, com suas propostas neoliberais, e o mundo de economia globalizada, que nos faz reféns de interesses econômicos dos países mais ricos, interessados sem ampliar o mercado de consumo para seus produtos e em afirmar seus domínios, sob os destinos do mundo.

Tudo isso, leva a uma situação de agravamento de nossas tensões sociais, do aumento da disparidade entre pobres e ricos, da excessiva concentração de riquezas nas mãos de poucos. Esse é, em síntese, o panorama de fundo que nos envolve e que está exigindo tanto sacrifício de todos nós, cidadãos que pagamos nossos impostos, que temos deveres a cumprir com a manutenção de nossas famílias, com criação de nossos filhos. Como não vejo nenhuma ação pública consistente, que possa estancar em curto prazo, esse processo conjuntural da exclusão, é sensato supor que essa situação ainda perdurará por vários anos, com gravíssimas conseqüências para o nosso País, em longo prazo.

Precisamos, como homens de boa fé, em nome de alguns postulados morais, éticos, adotar medidas protetoras da sociedade, para que ainda possamos cumprir a trajetória de nossas vidas, com sonhos, com esperanças, com algo que nos conforte como seres humanos, nascidos para a liberdade, para o amor e para a busca da plenitude. Estamos precisando desarmar os cidadãos. As blitzen que a Polícia Militar realiza, muitas vezes, nos fins de semana, agora precisam ser diárias, em vários pontos da cidade, para que possam ser apreendidas armas de fogo, armas brancas, drogas e tudo o que possa servir de instrumento de violência, no trânsito ou fora dele.

Precisamos aumentar o nosso contingente policial e por os homens nas ruas, em todas as cidades do Maranhão, dar maiores garantias e condições de trabalho para os policiais, que têm de enfrentar situações de permanentes riscos, em cada jornada de trabalho. A segurança deve ser um dos pontos de maior determinação e empenho do poder público, porque ela envolve a vida, os projetos futuros, a ordem social, sem cujo estabelecimento a própria governabilidade se esvai e deixa de ser exercida, para imperar a desordem, a impunidade, a lei dos mais fortes, o império do crime.

Vamos punir culpados e desarmar os cidadãos, desarmar a cidade. Essa determinação não pode e não deve esperar mais. Queremos uma cidade mais pacífica, sob a tutela e a proteção do Estado. Amar a cidade é adotar medidas preventivas para proteção de seus cidadãos. É preciso amar a cidade.

ivansarney@uol.com.br

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