Diálogos com a juventude

download (5)Semana passada, precisamente, nos dias 30 e 31 do mês de agosto, tive o privilégio de participar de dois momentos muito especiais, para mim, enquanto cidadão, por terem se constituído em oportunidades de encontro com crianças e adolescentes, dentro da programação elaborada pelo Instituto GEIA, no Festival de Literatura que vem realizando, anualmente, na cidade de São José de Ribamar.

Este ano, em sua 3ª edição, integrei, como convidado, um elenco de palestrantes, de elevado gabarito, participando de dois eventos marcantes, dentro de uma programação que se estendeu por 3 dias, e que incluiu educadores, teatrólogos, romancistas, contistas, cronistas, artistas plásticos, como intelectuais e pensadores de mundos humanísticos em transformação.

O primeiro (dia 30) aconteceu na própria igreja do padroeiro da cidade e consistiu em uma conversa com estudantes do nível fundamental (3ª a 8ª séries) denominado de Encontro com acadêmicos. Nesse encontro, tive oportunidade de falar sobre o ofício de ler, o ato da leitura e sua importância para a melhor compreensão do mundo em que vivemos.

Acentuei a importância da família e da escola na construção do hábito de ler, e fiz um retrospecto de minha própria formação de cidadão e escritor, evidenciando um paralelo entre os métodos de ensino e aprendizado nas escolas de minha geração, procurando compreender melhor os métodos de agora.

O Professor José Maria Cabral Marques, meu confrade na Academia Maranhense de Letras, também conversou com os estudantes, naquela manhã, falando-lhes sobre a fundação da Academia e seus fundadores. O segundo (dia 31) realizado na Unidade Escolar Diomedes da Silva Pereira, consistiu em uma palestra com o tema: Cinema e Literatura (5ª a 8ª séries).

Em minha fala, busquei enfatizar as principais diferenças entre literatura e cinema, acentuando a questão da linguagem, da forma, mostrando-lhes as possibilidades ilimitadas de ambas: uma ao representar com palavras. Outra, ao representar com imagens, cores, som, movimento, cenários, figurinos.

Enfatizei a literatura como arte de criação solitária, e o cinema como arte de criação coletiva. Mas mostrei que o cinema se vale da literatura, sempre. Quer quando utiliza, como argumento, algum romance, novela ou outro gênero literário, para compor suas narrativas. Quer quando utiliza narrativas criadas por um “roteirista”, sempre alguém criativo, com boa formação intelectual, que utiliza a arte de escrever para formalizar suas idéias.

Cada um de nós percebe o mundo de forma diferente; vê uma realidade possível a sua seus olhos, à sua escala de valores. Por isso, é preciso entender que um romance roteirizado para o cinema perde a sua característica de romance, no filme.

Cada um é uma obra, uma expressão artística e como tal deve ser compreendida e criticada. Enfatizei, também, o dinamismo imanente no universo, nos fatos sociais, em nós mesmos, para realçar a importância de buscarmos compreender e testemunhar o mundo, com olhos dinâmicos e mutáveis.

Tudo isso, incentivando-lhes lerem, escreverem, produzirem filmes, me dispondo transmitir-lhes técnicas cinematográficas, incentivando-lhes para a realização de filmes, vídeos, experimentais. Nos dois eventos, foi muito gratificante falar para públicos muito atentos, indagadores, que me incentivaram a responder perguntas inteligentes, oportunas, o que, certamente, ajudou-lhes a fixarem os conteúdos mais importantes de minhas explanações.

Manifesto minhas congratulações ao Instituto GEIA, como promotor do evento, à Prefeitura de São José de Ribamar que o acolhe e incentiva, às professoras e professores que estiveram com os alunos, nas duas oportunidades, e que mostraram que estão atentas às questões pedagógicas, disciplinares, na busca de construir adultos capazes de apreender o mundo complexo de hoje, com senso crítico apurado, interagindo e redirecionando os cenários mutáveis do Mundo. 

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