A difícil e gratificante missão de educar os filhos

Fotos IvanNenhum ser humano nasce bom ou mau. A educação que recebemos é que vai definir o que seremos na vida adulta. Do nascimento, até em torno dos dez anos de idade, quando a personalidade do ser humano está definitivamente formada, tudo aquilo que nos é transmitido em casa, define o adulto que seremos e aponta os rumos de nossa vida futura.

O que seremos e o que não seremos, parece incrível, mas é decorrente da educação familiar que tivemos, a partir dos estímulos de nossos pais, passando pela compreensão, pelo carinho, pela ternura, pela repreensão, pelos limites que nos são impostos, pelos gestos de amor com que nos brindaram a vida.

As crianças precisarão sempre de carinho, compreensão, estímulo, amor, limites, para que possam crescer e atingir o pleno desenvolvimento de suas potencialidades humanas, como seres destinados a amar e a viver em sociedade. Estes valores, que vão fazer parte da personalidade do futuro adulto, devem essencialmente lhes ser administrados na idade infantil, dentro da família, especialmente por seus pais.

A escola, com todos os níveis do melhor ensino e padrão que tenham, não consegue transmitir os valores morais, éticos e humanísticos, que uma boa educação familiar pode dar às crianças, desde a fase mais tenra, até o final da infância, quando a personalidade está basicamente formada. 

O que a escola pode transmitir, com eficiência, é o conhecimento científico, técnico, como conteúdo de muitas disciplinas. Mas ela não pode modificar a personalidade já formada daqueles que ali chegam, já iniciando a adolescência. E é bom que seja assim mesmo, para que os filhos sejam, de fato, uma perfeita decorrência da educação familiar que receberam, de zero aos dez anos.

Penso isso, a propósito de cenas que tenho visto, em nossa cidade, e que me deixam muito abalado, com toda a crença e a esperança que tenho, no dia de amanhã, na construção de um mundo melhor. A cena que vi tem como protagonistas menores fardados, na Av. Litorânea, em plena manhã de um dia útil, bebendo cerveja, próximo a um veículo, com mala aberta, tocando músicas a todos os decibéis possíveis.

Ao lado dessa cena, a cena dos menores dirigindo automóveis, em flagrante desrespeito às leis e pondo em risco a vida de tantas pessoas, inclusive as suas próprias vidas. Onde estão seus pais que não vêem e, se conseguem ver, por que consentir com essa transgressão à ordem legal?

Por conta disso, é alarmante o número de acidentes com jovens, em nossa terra, ceifando vidas, invalidando outras e mutilando outras tantas, numa evidência de que os pais estão, de certa forma, sendo também vítimas desses acidentes, como iludidos ou ludibriados.

É necessário, então, que não abdiquemos do nosso direito de ser pais, de ensinar tudo o que sabemos sobre o amor, no sentido mais elevado dessa palavra. Mas, também, é necessário que saibamos por limites nos desejos, nas vontades de nossos filhos, guardando-os para que possam viver suas vidas de adultos, no momento em que forem adultos. Pais que não exercem o seu direito de tutelar seus filhos, acabam sendo vítimas passivas de seus próprios erros.

Crianças que não conhecem limites, em casa, vão ser traumatizadas na rua, no confronto com os interesses e as vontades dos seus semelhantes. Precisamos agir com rigor paterno, sabendo dizer não quando tivermos que dizer não. E dizendo sim, quando pudermos dizer sim às suas pretensões.

Digo isso, também, porque meninos e meninas, menores de 18 anos, podem ser encontrados, às altas horas da madrugada, em bares, restaurantes, boates, ou outro qualquer local, de diversão pública. Onde estão seus pais? Estão dormindo. Enquanto seus filhos estão expostos a todos os tipos de violência e assédios possíveis, inclusive o das drogas, que é o mais terrível de todos.

Com quem andam nossos filhos? É bom fazermos sempre essa pergunta, para que tenhamos uma idéia aproximada de como eles podem estar se comportando, longe de nossos olhos. O meio exerce uma pressão muda e imensurável, sobre nossas pretensões e desejos. Mesmo os pequenos e simples grupos exercem uma força considerável sobre todos os seus membros, levando-os a adotarem condutas coletivas, prescrevendo-lhes padrões de comportamento irrefutáveis.

Minha mãe costumava dizer, do alto de sua bondade e sabedoria: “Diz-me com quem andas e te direi que és…”. Outra forma era mais cruel e afirmava: “Quem com porcos se mistura, farelos come.”

São ditados que demonstram o pensamento dos adultos para com seus filhos, protegendo-os da sanha criminosa dos traficantes e outros. Não podemos transigir com a segurança e as ameaças à integridade física, moral, psicológica de nossos filhos. Temos que enfrentar essa grave situação de ameaça, que pode até comprometer o futuro da humanidade.
Sou o ator da lei que proibiu a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos, em São Luís. Porém menores continuam bebendo nos lugares públicos, sem qualquer repressão oficial consistente. Precisamos que o poder público se preocupe muito mais com saúde, educação e segurança. 

Inúmeras meninas e meninos já estão experimentando drogas pesadas como crack, cocaína e outras, em nossa cidade. Precisamos dar maior proteção a eles, a partir de nosso próprio exemplo, de nossas palavras, de nossa presença. Amar a cidade é se esmerar na educação dos filhos. É preciso amar a cidade. 

Ivan Sarney

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