Nossos filhos e os dilemas de suas férias escolares

 

lazer com paisCom nossos filhos em suas férias escolares, os pais nos deparamos com os dilemas de sempre: o quê fazer? Como planejar suas atividades lúdicas, seus passeios, seus programas culturais, seus encontros com amigos da escola e parentes. Além disso, os filmes para assistir, os livros para ler, e todo um conjunto de atividades que lhes possibilitem a distração, o entretenimento, o lazer, em nossa companhia?

As praias sempre foram o destino mais buscado, por todos nós. Mais buscado por ser mais democrático, mais amplo, mais belo, e de acesso gratuito, para todos. Afinal de contas, dispomos de sol quase todos os dias do ano. Mesmo no período de nosso chamado inverno, que ainda não começou.

Temos o privilégio de viver em uma ilha. Portanto, cercados de águas por todos os lados. Só de Avenida Litorânea, temos seis quilômetros de praias; acessíveis, facilmente, pois se encontram em áreas urbanas de nossa cidade, com transporte fácil e passeio público.

No entanto, essas praias estão impróprias para banho, há mais de três anos, ininterruptos, com base em laudos da Universidade Federal e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais. Impróprias por se encontrarem poluídas por coliformes fecais, em proporção quase três vezes acima do máximo aceito pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente.

Além disso, temos um fator sazonal que acontece todos os anos: a presença das temíveis e agressivas caravelas e águas-vivas, que estão navegando em nossas praias, desde setembro do ano que passou, sem qualquer receio de coliformes fecais, e queimando banhistas desprevenidos, ousados ou descrentes, que se aventuram nessas águas.

Esse é um fenômeno natural. As caravelas e as águas-vivas pertencem à biodiversidade marinha, onde ainda engatinhamos em aprendizado e conhecimento, e expandem seus tentáculos como forma de defesa, de suas parcelas de vida.

Nossas praias, portanto, para quem não quer ter problemas de saúde, são apenas um espetáculo para os olhos, e para a renitente incompreensão das crianças que não aceitam, facilmente, não poder ir à praia, para um banho de mar.

Com as praias impróprias para banho, restam algumas opções fora de casa, que possam ser úteis e agreguem valores a nossos meninos. O teatro, por exemplo, com peças infantis que sempre atraem um público muito grande, e representam uma importância essencial para a magia, a arte, a criatividade do futuro adulto.

Mas não há espetáculos na cidade para o público infantil. Deixou de existir faz muito tempo. Essa lacuna, em nossa cultura artística, é difícil de aceitar, sem lamentos desanimadores. O Maranhão tem tradição teatral e jovens atores em constante reciclagem. Por que, então, os espetáculos infantis não acontecem nos fins de semana, de forma mais presente?

Os cinemas continuam sendo uma excelente opção para divertir, entreter e para aculturar pessoas. Com as modernas salas e as produções atuais, em terceira dimensão, os dublados constituem, sempre, uma boa pedida para as crianças, entre pipocas e refrigerantes, quando há filmes infantis em cartaz.

No entanto, essas salas estão nos shoppings, onde o custo do estacionamento, as praças de alimentação, as lojas que vendem brinquedos infantis, também se encontram. Com isso, uma ida ao cinema acaba representando um gasto bem maior que o custo do ingresso para o filme. O conjunto acaba pesando no orçamento doméstico, num tempo de recessão e inflação elevada e persistente. Melhor evitar a profusão dessas despesas.

Nossa cidade não tem parques públicos, para o lazer dos que aqui habitam. Não tem jardim botânico. Não tem zoológico. Nenhum outro equipamento público, que permita às pessoas opções diferenciadas, com acesso gratuito ou com pequenas taxas de acesso, para diversão e entretenimento.

Resta-nos a vigilância permanente e nossa luta de pais, contra o uso, indiscriminado, dos computadores, com internet; dos ipads e iphones; dos tabletes e smartphones, em geral. Tudo isso, tentando proteger nossos filhos, mas vivendo dilemas em suas férias escolares.

2 thoughts on “Nossos filhos e os dilemas de suas férias escolares

  • 18 janeiro, 2016 em 21:37
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    Ivan, é prazeroso ler o que você escreve. O presente, descrito por você, embora triste, nos transporta ao nosso passado, bem diferente e feliz! Dizem que o brasileiro não tem memória. Digo: você é a nossa memória. Ao ler a sua coluna, acreditamos que ainda nos resta repassar, para os nossos filhos, a felicidade dos nossos bons tempos fazendo com que eles possam julgar, comparar, e criar seus próprios conceitos, lutando por dias melhores.

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    • 18 janeiro, 2016 em 22:21
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      É muito bom quando leitores interagem conosco, fazendo apreciações críticas sobre o que escrevemos. Isso aumenta nossa responsabilidade para com o que escrevemos, e nos enche de uma indisfarçável satisfação. Obrigado por suas generosas palavras.

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