Educando nossos filhos para o futuro

 

Familia educandoSempre que nos deparamos com atos de indisciplina e rebeldia de crianças, contrariando orientações de seus pais, somos levados a concluir indignados: “falta de educação familiar”. Educação a partir da primeira infância.

Do mesmo modo, quando assistimos a atos, reprováveis, que crianças praticam, na presença, e com pleno consentimento dos pais.  Concluímos, também, sem julgar que possamos estar errados: “Esses pais não souberam educar”.

Essa conclusão sumária tem um porquê. Sabemos que ninguém nasce bom ou mal, mas os exemplos de comportamento paternos, as orientações que recebemos, já nos primeiros momentos de nossa vida, vão definir o adulto que seremos. Isso é definitivo, não tem erro.

A escola transmite o conhecimento científico, fomenta as relações interpessoais e sociais, em atividades de grupos. Mas, opera tudo isso, embasada na educação familiar, no caráter em formação, forjado nas relações experimentadas em casa, entre as crianças e seus pais.

É na família que são transmitidos os valores essenciais, inerentes à vida de todo cidadão, seja qual for a sua nacionalidade e o seu grau de cultura ou posição social ou econômica.

A família ensina, mesmo sem se dar conta, os sentimentos do amor, da gratidão, do perdão, da solidariedade, do respeito ao próximo, da humildade, da honestidade, da hombridade. Enfim, todos os valores humanos são transmitidos às crianças, pela instituição família, dos mais mesquinhos aos mais elevados.

Educar, no que diz respeito à família, significa transmitir valores. Transmitir valores, representa impor limites. Educar, portanto, significa: ensinar, impondo limites. Esse parece estar sendo o grande conflito, o foco equivocado, na educação que uma parcela, expressiva, de crianças está recebendo de suas famílias.

Para muitos pais, educar significa suprir de bens materiais o desejo de seus filhos, premidos pelas demandas de uma sociedade extremamente consumista, que induz a criança a querer tudo aquilo que a televisão oferece, como apelo de venda, criando um processo de competição, entre colegas, amigos de classe ou não, possuidoras daquele produto.

Por essas e outras concessões, sem perceber, muitos pais vão-se tornando reféns do desejo de seus filhos: quase sempre sem se dar conta do caminho sombrio que vão trilhando, na forma equívoca de demonstra-lhes amor.

Os filhos precisam saber que não podem ter tudo o que querem. Precisam saber ouvir não; saber que seus pais lhes impõem limites, entre o sim e o não; o fazer e o não fazer; o dizer e o calar.

As lojas, que vendem brinquedos, exibem exemplos, típicos, para compreendermos o sentido das reflexões aqui expostas. Basta ficar, por alguns minutos, em uma delas, onde estejam crianças e pais, para testemunhar, muitas vezes, cenas que ilustram as preocupações que ora expresso.

Crianças batendo os pés no chão, gritando, chorando e dizendo: -Mas eu quero! Eu quero! Os pais, constrangidos, vão cedendo àquela imposição, e quando o choro e os gritos se acalmam, podemos ter a certeza de que cederam.

Educar para o futuro, exige maior compromisso de todos nós que somos pais. Exige reflexões e tomadas de decisões, necessariamente, críticas, projetando que nossas crianças serão os homens e as mulheres de amanhã.

O amanhã, independente de catástrofes naturais, nós estamos construindo hoje. O hoje está a exigir de nós, compromissos com um mundo mais solidário e pacífico; mais harmonioso e proativo; mais espiritualizado e de maior integração familiar.

Educar para o futuro exige maior e mais permanente diálogo sobre o ser humano e sua relação com os outros, e com os recursos naturais; a adoção de uma cultura de paz, onde a criança conheça e reconheça sua importância como um ser que usufruirá desses recursos naturais.

Façamos nossa parte, comprometidos com as responsabilidades que assumimos ao viver, e colocar no Mundo as pequenas vidas que levam nossa carne, nosso sangue, nossa história. Eduquemos para o presente. O futuro será consequência.

Nota: Artigo publicado na coluna que o autor assina, no Jornal Pequeno, em 14.10.2015.

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