Alma minha gentil

 

Alma e céu

 

 

Alma minha gentil que te partiste

Tão cedo desta vida, descontente,

Repousa lá no céu, eternamente

E viva eu cá, na terra, sempre triste.

 

Se lá no acento etéreo onde subiste

Memórias desta vida  se consente

Não te esqueças daquele amor ardente

Que já nos lhos meus, tão puro, viste.

 

E se vires que pode merecer-te

Alguma coisa, a dor que me ficou,

Da mágoa sem remédio de perdeste.

 

Roga a Deus que teus anos encurtou, 

Que tão cedo de cá me leve a ver-te

Quão cedo dos meus olhos te levou.

 

Autor: Luís Vaz de Camões.

Comente

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.