O riozinho
Aquele riozinho, de água cristalina,
Que, manso e preguiçoso,
Desliza, por entre o fresco e umbroso
Vale da colina.
É bem feliz aquele riozinho.
Um dia desses, vi senhora lua:
Trêmula, o peito
Arfando de emoção,
Meter-se-lhe no leito,
Inteiramente nua.
E depois desse dúbio conluio,
Desse entrelaçado
De amor, na feiticeira teia,
Ela costuma aparecer
No espaço constelado,
Manchada, inteiramente, cheia.
Autor: Júlio Dinis (poeta português)