Uma postura municipal contra as mudanças climáticas

images (8)A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, antenada com as preocupações que estão ocupando as pautas do poder público, em todos os países do Mundo civilizado, bem que poderia instalar um espaço de debates permanentes visando à mitigação das causas e dos efeitos do aquecimento global. Esse espaço de debates permanentes, objetivando a construção de políticas públicas, consensuais ou aprovadas por maioria qualificada, poderia estar representado por um fórum permanente, metropolitano na sua composição cidadã e institucional, envolvendo os quatro municípios da Ilha.   

Que pretenderia esse fórum, caso viesse a ser proposto e instalado pela Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Meio Ambiente? Pretenderia, especialmente, promover interlocução entre o setor público e privado, envolvendo a comunidade acadêmica; envolvendo segmentos sociais, com participação cidadã, visando à formulação de propostas e a adoção de medidas mitigadoras das emissões de gases causadores do efeito estufa, e a implementação de políticas públicas, relacionadas às mudanças climáticas e seus efeitos, nos quatro municípios: São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.

A ideia central do fórum seria possibilitar reflexões, dos mais diversos atores sociais e institucionais, sobre os efeitos que as mudanças climáticas – que estão acometendo o nosso Planeta  –  produzirão nessa área metropolitana, no curso deste Século. Para tanto, seria preciso identificar, qualificar e mensurar tais fenômenos decorrentes, e estabelecer programas e metas para a mitigação de seus efeitos, a partir da emissão de co² na atmosfera. Medidas como a adoção do biocombustível, pela frota de ônibus, utilitários e veículos automotivos, tendo o etanol, de cana-de-açúcar, como a principal matéria-prima, estariam no centro dessas reflexões, em sintonia com as preocupações globais.

Outro tema da maior relevância, que deveria ser motivo de preocupações do fórum, seria a sensível e já deflagrada elevação do nível dos oceanos, cuja sinistra previsão dos cientistas, que produziram os últimos Relatórios do IPCC, estima um aumento de 90 cm, até o final deste século.

Essa elevação, incensada pelo degelo das calotas polares, será dramática, pois inviabilizará a vida para milhares de populações litorâneas, destruindo biomas inteiros, como os manguezais que fazem o contorno de nossa ilha, no conluio entre os rios e o mar. Como consequência, toda a cadeia alimentar composta por caranguejos, camarões, peixes, siris, que ali se reproduzem, poderá se extinguir. 

Aprendemos na escola que São Luís é uma ilha sedimentar (que já foi fundo de mar) e, por influência de seus rios, seu terreno é preponderantemente de aluvião. Estamos em uma cota muito pequena, em relação ao nível do mar. Portanto, qualquer elevação no nível dos mares já será danosa para nossa cidade.

O segmento imobiliário, em franca expansão em nossa cidade, precisa ver com olhos de precaução as novas edificações que planeja fazer, em áreas de cota quase zero, como Ponta D’areia, Calhau, Olho D’água e adjacências, em função da possibilidade real e já se concretizando, de elevação do nível do mar.

Por outro lado, medidas mitigadoras deveriam entrar na pauta desses debates, como a proteção de áreas verdes, evitando o desmatamento; a reposição de cobertura vegetal em áreas que estão sendo assoreadas, por conta do desmatamento, como é o caso das margens dos rios; o plantio de novas espécies de vegetação, com copas largas, frondosas, para que possam, através da fotossíntese, fazer o chamado sequestro de carbono da atmosfera.

Quem sabe eclodiriam ideias como as centrais de produção de distribuição de mudas, para plantio orientado nas vias urbanas da cidade; em suas áreas degradadas; em áreas de proteção ambiental; nos quintais das residências familiares. Tudo isso, com um programa de educação ambiental, com política pública definida, com recursos assegurados, com sonhos e esperanças incentivados.

Seriam essas as tarefas do fórum que o município de São Luís poderia instalar e coordenar, articulado com os outros três municípios da Ilha, num esforço conjunto para a convergência de interesses que são comuns e inseparáveis, pois remetem a questões que são de vital importância para o desenvolvimento sustentável dessa área metropolitana, e do planeta Terra.

O prefeito Edvaldo Holanda Júnior, pela experiência política que já acumulou, ao longo de seus mandatos, conhece e pode avaliar a importância que tem uma proposta desta, e a excepcional contribuição que um fórum dessa natureza poderia trazer para participação cidadã na construção de políticas públicas, e numa certa convergência de interesses sociais, visando objetivos comuns. Isto pressupõe uma enorme força política posta a serviço do presente e das futuras gerações.  

O fórum seria o instrumento dessa estratégia de gestão, funcionando de forma itinerante em outros espaços da cidade; em particular, nas universidades públicas e privadas, nos órgãos de classe, nas empresas, no Executivo e no Legislativo, municipal e estadual; no Judiciário, em Uniões de Moradores; servindo aos cidadãos nos mais diversos locais onde residem, de modo a motivar-lhes a participação.

Precisamos construir uma política municipal de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, com ênfase à educação ambiental, e com o compromisso de assegurar condições de vida às futuras gerações de humanos, e de toda a espécie de vida que realça nossa biodiversidade, nosso ecossistema, nossos biomas e biotas, na ilha de São Luís. Amar a cidade é lutar pelas formas de vida que lhe dão vida. É preciso amar a cidade.

 

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