Por uma cidade mais humana e solidária

images (1)Ainda são muito tímidos os passos, os gestos que nossa cidade consagra, nos rumos de um amanhã mais propício, ao convívio solidário e fraterno das pessoas, em seus espaços urbanos. Quem caminha pelas principais ruas do centro histórico, ou mesmo de nossos bairros mais bem urbanizados, pode constatar, facilmente, a ausência quase absoluta de equipamentos  essenciais para o ofício de viver, em centros urbanos, para a prática dessa imanência humana que é a necessidade de convívio com seus semelhantes, a carência do outro.

Entre esses equipamentos, é importante mencionar as áreas especialmente destinadas a pedestres, as floreiras, os bancos para as conversas, para ver passar o tempo, para fazer uma pausa e encontrar-se no turbilhão das pessoas e das horas; as rampas para acesso de cadeirantes, de outras pessoas portadoras de necessidades especiais; as informações em braile, para os deficientes visuais; as sinalizações, verticais e horizontais, para correta orientação dos transeuntes; as calçadas mais largas e desobstruídas, para a locomoção de pedestres; um claro e indiscutível predomínio do homem sobre os automóveis, nos espaços urbanos.

Sob esses aspectos, essenciais para o cotidiano exercício de viver, Curitiba, é soberba, como uma das cidades de melhor qualidade de vida, em nosso País. Além dela, São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói são outras cidades que avançam, a passos largos, para contemplar esses aspectos de humanização das cidades, como uma resposta, também, aos pressupostos de cidadania, previstos em nossa Constituição.

Há outros aspectos, contudo, que essas cidades exibem, como clara demonstração de convite ao convívio urbano humanizado, como a existência de muitos parques ambientais, a relação metro quadrado de área verde por habitante, veículos de transporte de massa, com elevadores mecânicos, para facilitarem o acesso de portadores de necessidades especiais. Tudo isso, para assegurar melhor qualidade de vida aos seus habitantes, compensando o estresse de viver em centros urbanos cada vez mais superpovoados.       

A cada dia, as cidades estão abrigando um número maior de cidadãos, quer pelo aumento da taxa de natalidade social, que pela migração interna, entre estados, entre municípios, com as capitais ou os grandes centros urbanos, exercendo maior poder de atração desses migrantes, na maioria das vezes, egressos de zonas rurais.

Especialmente, as capitais, estão cada vez mais demandadas por pessoas, em seus espaços públicos: ruas, avenidas, praças, edifícios, equipamentos de laser, centros comerciais, shoppings, na busca interminável do homem, por satisfazer suas necessidades sociais.

Tudo isso dificulta a nossa vida, e a vida de um grande contingente de cidadãos, nossos irmãos de espécie, quem têm, muitas vezes, que permanecerem reclusos em suas residências, pelas dificuldades de acesso a locais singelos como cinemas, escolas, teatro, restaurantes, igrejas, e a toda uma gama de espaços de necessidades habituais para um cidadão comum, sem restrições locomotoras. Refiro-me aos portadores de necessidades especiais, aos paraplégicos ou tetraplégicos, em geral, cadeirantes.

Quem anda, no dia a dia, em nossa cidade, tão bela em sua história; tão exuberante em suas riquezas naturais; tão expressiva em sua arquitetura; tão acolhedora, na fidalguia de seus filhos que a habitam; quem anda, por nossas ruas, é levado a pensar que não temos deficientes físicos por aqui. Ledo engano. Os nossos deficientes, semelhante ao que acontece na maior parte das cidades, em nosso país, estão em casa, guardados, inibidos, cerceados, em aspectos essenciais de suas vidas, por que essas cidades não estão preparadas para acolhê-los como cidadãos, como seres humanos, com suas imanências e com seus anseios.

Propus e consegui aprovar, como vereador por São Luís, a lei municipal que determinou que parte da frota de ônibus, de transporte coletivo, seja equipada com elevador mecânico para acesso rápido e fácil aos portadores de necessidades especiais.

Os ônibus equipados com elevadores mecânicos oferecem maior comodidade aos deficientes, especialmente àqueles que são paraplégicos, tetraplégicos, deficientes visuais e outros, que têm dificuldades locomotivas e que precisam de auxílio para exercer uma considerável parcela de suas vidas. Na prática, não atingimos o percentual determinado, inicialmente, pela lei.

Precisamos realizar conquistas, precisamos avançar em busca dos ideais, dos sonhos, em busca do futuro, contemplando as esperanças que podem nos conduzir à construção de um nível de felicidade, de satisfação com a vida, de forma mais fraterna e solidária. Como cidadãos, temos a responsabilidade de contribuir, de apontar os rumos para onde deverão seguir nossos destinos de povos, e não podemos abdicar desse direito, nem nos omitir dessas responsabilidades.

Uma cidade mais solidária, que promova a inclusão de cidadãos que precisam de nós, para exercerem suas parcelas de vidas, de forma mais plena e compensadora. Amar a cidade é promover ações de inclusão para os portadores de necessidades especiais, e humanizá-la para o convívio de todos nós, com melhor qualidade de vida. É preciso amar a cidade.

 

 

 

 

 

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