O voto como instrumento de mudanças

eleições 2014Em outubro, uma vez mais, o povo brasileiro voltará às urnas. Dessa vez, para Presidente, Governadores, Senadores, Deputados Federais e Deputados Estaduais. A força do regime democrático reside, exatamente, nas eleições, no exercício habitual de votar, o que deve constituir um orgulho para cada cidadão. A democracia, em sua definição clássica, é o governo do povo, pelo povo e para o povo. E sendo o governo do povo, como é que o povo participa de sua essência?

O povo participa da essência da democracia, de várias formas. As mais substantes são: votando e sendo votado. Sendo votado sim, porque o Estado moderno, já não tem governantes designados por Deus, como se intitulavam, a si mesmos e a seus descendentes, os reis, na Monarquia.

No Estado moderno, os governantes são cidadãos do povo, eleitos por tempo determinado, para desempenharem um mandato, em nome daqueles que o elegeram. O governo, então, é mesmo do povo, porque são cidadãos do povo que são eleitos para representá-lo. É mesmo, pelo povo, porque são cidadãos do povo que os elegem. E é para povo, porque os objetivos finais das ações do governo é o próprio povo.

Aí está materializada a importância do voto, como um instrumento de mudanças, que o povo sempre pode e deve lançar mão, buscando eleger cidadãos que possam representar anseios da população, e que tenham condições de desempenhar um mandato, contribuindo para o aperfeiçoamento do processo democrático e para melhorar as condições de vida, da comunidade inteira.

É muito importante que o eleitor possa procurar saber em quem está votando, para quem está dando o direito de representá-lo, durante aquele período do mandato. Essa busca de informações sobre o candidato pode resumir-se a algumas questões, mas é importante saber o que ele fez anteriormente; qual a sua formação; qual o seu compromisso de vida, para com os outros, com o social, com os problemas do seu tempo. O que ele fala, o que ele escreve, quem são seus aliados políticos, o que ele já fez no exercício de algum mandato eletivo.

Enfim, é muito importante que o eleitor exija de si mesmo, antes de decidir em quem voltará. O voto tem de ser o da convicção, o do convencimento pessoal do eleitor, com a pessoa do candidato, avaliados alguns requisitos do perfil desse último.

O dinheiro que, por acaso, venha a ser esbanjado por qualquer candidato, não deve ser um ponto positivo, no julgamento do eleitor. É claro que aqueles que têm mais dinheiro, acabam chegando mais longe no contato com cabos eleitorais, com os próprios eleitores. Mas isso, que pode ser bom para meia dúzia de eleitores desavisados, é péssimo para a democracia, pois sujeita a livre escolha do cidadão aos desígnios perversores do dinheiro fácil, além de quase sempre beneficiar um candidato despreparado, para o exercício da atividade política.

Com a liberdade de informação e a expansão dos veículos de comunicação de massa, o cidadão, de um modo em geral, está muito melhor informado sobre tudo o que se passa no mundo inteiro. Essa é uma grande vantagem do cidadão de hoje, sobre o homem de vinte anos atrás. O cidadão está mais crítico, mais participante, porque está fazendo parte de um mundo em que a comunicação o atinge em todos os locais, mesmo que ele não se disponha a receber as informações, de bom grado.  

O eleitor precisa estar muito conscientizado da importância do seu voto, para que outros não se aproveitem dele e o façam votar em pessoas despreparadas, mal intencionadas, sem rumos políticos e comprometidas apenas com os seus negócios, seus interesses pessoais.

É da essência do regime democrático, também, a alternância no poder, na representação pular, visando realimentar as esperanças, mudar de rumos, criar novos sonhos. Portanto, o poder tem que ser transitório, fugaz mesmo, para dar aos eleitos e certeza cruel, de que seus mandatos acabam e que só poderão ser renovados, se for pela aceitação popular, através do voto.

É o voto que legitima a representação popular. E o voto, como instrumento de mudanças pode ser encarado como o voto por escolha de mérito, considerando, principalmente, a pessoa do candidato e seu conceito público.

Portanto, é necessário buscar informações sobre os candidatos, evitando que por desconhecê-los, possamos dar a confiança do nosso voto a alguém que não corresponde à nossa escala de valores, que não tem aptidão para exercer a vida parlamentar, nem tem vida pregressa para tanto.

É claro que, sendo a representação política composta por homens do povo, eleitos pelo sufrágio direto, pelo povo, os votos dados aos chefes do Poder Executivo e aos membros do Poder Legislativo refletem o espelho da própria comunidade que os elegeu. Dessa constatação não poderemos fugir jamais. Mas podemos, com visão crítica mais profunda e posta a serviço da comunidade, transformar nosso voto num instrumento de mudanças, reelegendo quem merece e elegendo quem nos pareça melhor preparado, avaliando inclusive os seus feitos, em mandatos ou funções que já exerceram. A hora de votar deve ser a hora do acerto de contas do eleitor com candidatos que pretendem a reeleição, transformando esse voto numa espécie de julgamento, onde se aprovará ou rejeitará sua atuação parlamentar.

Deve ser também um momento criterioso de escolha dos novos nomes, procurando sempre o convencimento de que aquele escolhido tem preparo, e pode representar bem os nossos sentimentos de uma sociedade melhor. São os agentes políticos que têm o dever e a responsabilidade de conduzirem os rumos da sociedade, avalizados pelos sentimentos do povo. Eles devem, portanto, estar preparados para o exercício dessa imensa responsabilidade.

Escolher bem nossos candidatos é uma demonstração de amor à democracia, ao nosso País, ao nosso Estado. Faça do seu voto um instrumento de participação construtiva para todos.

ivansarney@uol.com.br

 

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