Um Natal de paz no coração da cidade

Natal 2013Apelo que haja paz, no coração da cidade! Que essa mesma paz, que traduz o clima do Natal, possa ser espargida pelo Ano Novo, habitando os lares, as ruas, as escolas, o ambiente de trabalho; enfim, todos os lugares onde o homem vive e reina, cumprindo sua destinação divina.

É a mesma ansiada paz que queremos ver plantada no coração do homem, inspirando-o para as tarefas de harmonia com os seus semelhantes, com o meio-ambiente, com todas as forças energéticas que coordenam e regem a ordem universal.

Ainda alimento a convicção de que uma grande mudança acontecerá na ordem social, neste século – em todo o planeta Terra – partindo da reflexão espiritual, do reencontro do homem com Deus e seus ensinamentos, sua identidade e suas referências. Assim como a natureza é cíclica e, de tempos em tempos, ocorrem fenômenos naturais que vão modificando a conformação da Terra, determinando uma revisão dos cenários físicos, do meio-ambiente.

Assim como, de tempos em tempos, se reorganizam, efervescem e explodem as forças cósmicas, modificando as faces do espaço sideral. Assim, desse mesmo modo, decorrente talvez dessa ordem cósmica, que faz o dia e a noite se sucederem, como se sucedem as estações, os meses, os anos; e se sucedem as pessoas, na face da Terra. Assim, igualmente, assim, renascem os movimentos sociais, as esperanças do homem, porque o homem é feito de inconformismos e mudanças.

O processo da secularização vai produzindo as novas normas, as regras sociais que vão tolher e estimular as novas esperanças, colocando o coração do homem a serviço do tempo e da ideia de Deus. Isso parece contraditório, mas não acontece por acaso. Em verdade, tudo isso é forma de revelação da mais pura e real face de Deus.

Tudo é forma abundante e incontestável de confirmação de que Deus é luz, é energia difusa, que preside toda essa grandeza, inelutável, que integramos, como partículas tão pequenas que somos.

O Natal é um tempo propício para essas reflexões, para nos deixarmos conduzir por essa luz e por essa harmonia que orquestra a natureza inteira, e que é da mesma matéria de que é feita a nossa alma. Muitas vezes, um corpo se deixa mortificar porque a sua alma, que lhe anima os sentidos inteiros, mergulhou nos abismos do rancor, do ódio, da inveja, da ambição negativa e se deixou aprisionar na escuridão.

O Natal vem sacudir nossos sinos, vem tocar nossas melodias, vem nos vestir de branco e nos falar de valores que estão postergados, dormindo, na maioria dos corações humanos, tão presos às suas próprias ambições. Um Natal de paz, no coração da cidade! O coração da cidade pulsa e vive, independente de nós. Ele é o coração coletivo, a alma coletiva, os anseios e os sentimentos que transcendem a cada um de nós, para ser um sentimento de muitos, sem sectarismos etnocêntricos.

O coração da cidade somos todos nós, portanto, que aqui vivemos e aqui construímos nossas esperanças, nosso presente e nosso passado; com a mesma grande determinação com que superamos os obstáculos interpostos em nossos caminhos, ao longo do nosso processo de formação e amadurecimento. É esse espírito que precisamos recolher dessa festa cristã, que reúne e alimenta esperanças em povos, no mundo inteiro, celebrando o nascimento do Menino Jesus.

Aquele que viria transformar a humanidade e que a transformou, de forma tão marcante que determinou a divisão de sua história evolutiva em: Antes de Cristo e Depois de Cristo. E já comemoramos dois mil anos, D.C. Em verdade, o que queremos no Natal não são presentes caros, que não dizem respeito ao verdadeiro sentido dessa festa universal. O que queremos são os gestos solidários, as ações que nos conduzam aos outros e tragam os outros até nós, para nosso convívio fraterno e pacífico, para a construção dessa grande corrente universal, para o soerguimento do homem e seus valores mais imanentes e elevados.

O que queremos e precisamos fazer é celebrar o amor, com todas as suas melodias, com todos os seus perfumes e suas cores, fazendo brotar nos corações mais surdos e mais mudos, o doce encanto da ternura, da cumplicidade, da harmonia, que os espíritos que amam sabem espalhar em todos os recantos do ser. Estou em paz! Deus é testemunha de que vivo em paz, de que desejo a paz porque sou pacífico, e sei que é com ela que construiremos as bases da nova sociedade.

Mas, como conseguir a paz, senão pela determinação de cada um de nós, que saia por aí estendendo as mãos, abrindo a alma, fugindo da violência, praticando uma fraterna e solidária harmonia. Esse é o desafio que agora, em pleno Natal, deve estar mais presente, em nossos atos cotidianos, como uma verdadeira missão de evangelistas.

Precisamos nos multiplicar, para que sejamos muitos mais, a sonharem e tentarem construir um mundo renovado, com renovado humanismo, que nos recoloque num plano espiritual superior, mais próximo de Deus, mais integrado com os anseios do homem, com a nossa finitude e nossa busca da transcendência.

Desejo a todos os meus amigos do Maranhão, especialmente de São Luís, um Natal de paz no coração da cidade, no coração de cada um que nela habita e sonha. Amar a cidade é ajudar a construir sua paz. É preciso amar a cidade.

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