Virgens Mortas
Quando uma virgem morre, uma estrela aparece,
Nova, no velho engaste azul do firmamento:
E a alma da que morreu, de momento em momento,
Na luz da que nasceu palpita e resplandece.
Ó vós, que no silêncio e no recolhimento
Do campo, conversais a sós, quando anoitece,
Cuidado! – O que dizeis, como um rumor de prece,
Vai sussurrar no céu, levado pelo vento…
Namorados, que andais, com a boca transbordando
De beijos, perturbando o campo sossegado
E o casto coração das flores inflamando,
– Piedade! Elas veem tudo entre as moitas escuras…
Piedade! Esse impudor ofende o olhar gelado
Das que viveram sós, das que morreram puras!
Autor: Olavo Bilac