Uma cidade amiga da terceira idade

idosos lazer

A população brasileira está envelhecendo. Um envelhecimento que vem crescendo em espantosa velocidade, já registrado nos últimos dois Censos que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou.

Pelos dados coletados, em 2030, os idosos com 60 anos ou mais, constituirão um grupo maior que o grupo de crianças com até 14 anos. E em 2055, a população de idosos, no conjunto da população nacional, será maior que a de crianças e jovens com até 29 anos.    

Essa é uma tendência estatística, de uma realidade populacional, em perfeito e dinâmico crescimento, aliada ao aumento da expectativa de vida do cidadão brasileiro, que passou para 74,9 anos, em 2014.

Essa tendência nos induz a pensar em políticas públicas especiais e em planejamento estratégico, para enfrentar essa situação, mitigando todas as mais dramáticas consequências que esse envelhecimento populacional poderá trazer para nosso país, ao longo do tempo.

Tenho certeza que as leis de mercado, que vigoram em nosso capitalismo, serão suficientes para regular as demandas e ofertas de produtos, estabelecendo equilíbrio entre produção e consumo.

No entanto, considero de extrema importância o planejamento público: estratégico, amplo e preventivo, visando assegurar respeito e melhor qualidade de vida, aos cidadãos que estarão incluídos na faixa etária de envelhecimento ou seja, 60 anos ou mais, que representarão um expressivo contingente populacional, economicamente, não produtivo.

Planejamento que vise proporcionar melhores condições de viver e desfrutar de sua condição de idoso, sob os olhos e os cuidados do poder público, sendo esses cuidados, em especial: o lazer cultural, esportivo, recreativo, turístico, ocioso; a acessibilidade a espaços públicos e privados; a mobilidade urbana, por meio de transporte adequado; a consagração dos descontos, no preço de bilhetes em serviços privados, e em concessionários de serviços públicos.

Além disso, a especialização de profissionais de projetos arquitetônicos e construção civil, visando uma harmonia entre formas e sua utilidade, num projeto de moradia ou de uso institucional ou comercial, buscando adequá-lo a um contingente populacional diferenciado, que será o idoso.

Pisos antiderrapantes, rampas, ao invés de escadas; barras para segurar, nos banheiros, em especial, nos boxes. E muitos outros detalhes, que são pertinentes à proteção de idosos, que os arquitetos e os engenheiros poderão identificar, para adequá-los a cada caso, dependendo da circunstância.

No tocante ao conjunto urbano, com certeza, serão necessários os tratamentos especiais das calçadas, para que sejam bem pavimentadas; bem niveladas e sinalizadas; que facilitem a locomoção das pessoas, com deficiência visual ou locomotora: caminhando ou sentadas em cadeiras de rodas.

Para esse cuidado, será necessário implantar rampas nas esquinas de todas as ruas, para o deslocamento dos cidadãos que, tanto poderão ser os idosos, quanto os cadeirantes.

Será necessário a implantação de parques urbanos, com espaços arborizados e que permitam aos seus frequentadores, o convívio com todas as outras pessoas. Mas com locais especiais, reservados para os idosos.

Os estacionamentos, em lugares públicos e privados, comerciais ou não, deverão ter um imenso espaço para aqueles idosos, que desejarem ali estar, estacionando com facilidade e com o respeito daqueles de menos idade. Em especial, dos jovens, que serão minoria.

As cidades brasileiras precisam começar, urgentemente, suas adequações à essa realidade fática, que está dando mais que aviso: está mostrando como será o amanhã, de nossa realidade nacional.

Nossa São Luís, poderia deflagrar esse processo de renovação urbana, a partir da implantação de equipamentos públicos, em locais experimentais. Mas que tivessem essa missão de envolver, agradar, acolher, homens e mulheres da terceira idade, dando-lhes condições de desfrutar do espaço e do tempo residual de suas vidas; convidando-lhes a prolongá-las, ainda mais, pelo prazer interior de se sentir considerados, de se sentir pessoas especiais.

São Luís poderia ou poderá ser uma cidade adaptada para a realidade desse novo amanhã, desse futuro que se aproxima a cada dia, quase a galope, enquanto olhamos para nossos próprios pés, sem ver as estrelas. Uma cidade renovada, moderna, na esteira de intenções de adornar e humanizar as cidades. Uma cidade amiga da terceira idade.

Nota: Artigo publicado na coluna que o autor assina, no Jornal Pequeno, em 26.10.2015.

Comente

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.