Para onde irão nossos amados filhos?

Filhos e fim trágicosNinguém nasce bom ou mau. A educação que recebemos é que vai definir o que seremos, na vida adulta. Do nascimento, até em torno dos 12 anos de idade, quando a personalidade do ser humano está definitivamente formada, tudo aquilo que  nos é transmitido, em casa, define o adulto que seremos e, aponta  os rumos de nossa vida futura, aliado à nossa herança genética.

O que seremos, o que não seremos, parece incrível, mas é decorrente da educação familiar que tivemos, a partir dos estímulos de nossos pais, passando pela compreensão, pelo carinho, pela ternura, pela repreensão, pelos limites que nos são impostos, pelos gestos de amor com que nos brindaram a vida.

As crianças precisarão sempre de carinho, compreensão, estímulo, amor, limites, para que possam crescer e atingir o pleno desenvolvimento de suas potencialidades humanas, como seres destinados a amar e a viver em liberdade. Esses valores, que vão fazer parte da personalidade do futuro adulto, devem essencialmente lhes ser administrados na idade infantil,  dentro da família, especialmente por seus pais.

A escola, com todos os níveis do melhor ensino e padrão que tenham, não conseguem ensinar os valores morais, éticos e humanísticos, que uma boa educação familiar pode dar às crianças, desde a fase mais tenra, até o final da infância, quando a personalidade está basicamente formada. 

O que a escola pode transmitir, com eficiência, é o conhecimento científico, técnico, a respeito de muitas disciplinas; ampliar a sociabilidade essencial. Mas ela não pode modificar a personalidade já formada daqueles que ali chegam, já iniciando a adolescência. E é bom que seja assim mesmo, para que os filhos sejam, de fato, uma perfeita decorrência da educação familiar que tiveram, a partir da própria concepção, até em torno dos 12 anos.

Retomo esse tema, esta manhã, pungido por mais um crime brutal, que chocou a todo o país: o jovem, filho único, pai de dois filhos pequenos, que assassinou seu pai e sua mãe, a facadas, porque “não suportava mais a cobrança que aqueles lhe faziam, para que arranjasse um emprego”. Em seu depoimento, o parricida confessou não ser usuário de drogas.

Esse crime é outro que já está motivando reflexões profundas sobre as relações entre pais e filhos, a partir do amor, responsabilidade, limites, permissividade, traumas, revoltas, excesso de mimos.

Nascido de família de classe média, o parricida, por ser filho único, tinha tudo aquilo que a família podia lhe dar. Mas não aceitou a cobrança para que batalhasse a conquista de um emprego. Queria viver, por toda a vida, ás custas dos pais, sugando-lhes as economias e consumindo-lhes a vida, até a morte.

Quem não lembra do brutal assassinato de seus pais, por Suzane Richthofen, de 19 anos, e seus cúmplices: o namorado Daniel Cravinhos, de 21 anos e Christian Cravinhos, 26 anos, irmão dele? Um crime bárbaro, numa mistura onde drogas, ociosidade, paixão, ódio, vadiagem, ambição, compuseram o recheio do crime.

Os pais assassinados, ciosos de suas responsabilidades, vinham exigindo o cumprimento de limites impostos à filha, visando afastá-la de um jovem namorado que não estudava, que não trabalhava, que era usuário de drogas e que já a transformara em usuária também. A indignação, o inconformismo e a revolta da filha motivaram a reação mais veemente e definitiva da filha, tramando com frieza e crueldade os crimes hediondos que veio a cometer com seus cúmplices.     

É necessário que não abdiquemos do nosso direito de ser pais, de ensinar tudo o que sabemos sobre o amor, no sentido mais elevado dessa palavra. Mas, também, é necessário que saibamos por limites nos desejos, nas vontades de nossos filhos, guardando-os para que possam viver suas vidas de adultos, no momento em que forem adultos. Pais que não exercem o direito de tutelar seus filhos acabam sendo vítimas passivas de seus próprios erros.

Crianças que não conhecem limites, em casa, vão ser traumatizadas na rua, no confronto de seus interesses com as vontades de seus semelhantes. Precisamos agir com rigor paterno, sabendo dizer não quando tivermos que dizer não. E dizendo sim, quando pudermos dizer sim às suas pretensões

Como estamos educando nossos filhos? É bom fazermos sempre essa pergunta, para que tenhamos uma idéia aproximada de como eles podem estar se comportando, longe de nossos olhos. O meio exerce uma pressão muda e imensurável, sobre nossas pretensões e desejos. Mesmo os pequenos e simples grupos exercem uma força considerável sobre todos os seus membros,  prescrevendo-lhes padrões de comportamento coletivo irrefutáveis.

Não podemos transigir com a segurança e as ameaças à integridade física, moral, psicológica de nossos filhos. Temos que enfrentar essa grave situação de ameaça, que pode até comprometer o futuro da humanidade. O comportamento criminoso da Suzane não é a regra da relação familiar, no mundo inteiro. Ela representa uma exceção, uma pedagógica exceção, que deve nos estimular no sentido do cumprimento de nossos deveres mais legítimos e positivos de pais.

Com quem andam e onde andam nossos filhos? É a outra pergunta que devemos nos fazer e fazer-lhes, para saber que tipo de mal pode lhes estar ameaçando. Precisamos dar-lhes maior proteção, a partir de nosso próprio exemplo, de nossas palavras, de nossa presença. Os maus estão tentando avançar sobre os espaços sagrados do bem. Façamos a cruzada do bem e da paz. Amar a cidade é proteger os adolescentes, dando-lhes a mão e dando a mão a seus pais.

ivansarney@uol.com.br

One thought on “Para onde irão nossos amados filhos?

  • 24 julho, 2016 em 17:37
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    Ivan muito boa a lembrança …agora pegar passarinho e soltar depois sei não rsrsrsr

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