Um título para “guarnicê”

Nossa cidade recebeu, na última terça-feira, o título de Capital Brasileira da Cultura 2009. Para conquistar esse título, foi submetida ao crivo de uma comissão constituída por representantes do Ministério da Cultura, do Turismo e do Bureau Internacional de Cidades Culturais, que analisaram seus méritos sob os aspectos de: cultura própria, patrimônio e herança cultural. Antes de São Luís, apenas Olinda, São João Del Rey e Caxias do Sul tiveram o privilégio de receber essa distinção, e poderem colher os frutos de seus benefícios. 
 
Uma bela festa, com a presença de grupos populares, representantes de várias formas de nossas expressões culturais, como o bumba-meu-boi, o tambor de crioula, blocos e cacuriás, ao lado de artistas consagrados como Turíbio Santos, numa síntese simbólica do erudito com o popular, com a cultura tradicional.

Durante este ano, pelo protocolo assinado entre o prefeito João Castelo e o diretor-executivo da ong Capital Brasileira da Cultura, Mário Vendrell, São Luís desenvolverá uma programação especial, na área da cultura, e deverá ser anfitriã de eventos nacionais e internacionais, em função do título recebido.

Além disso, este ano será consagrado ao Ano da França no Brasil. São Luís, como única capital brasileira fundada por franceses, certamente acolherá eventos de alusivos a essa ligação histórica, que nossa cidade faz questão de assinalar e manter viva.

Para nós, além do orgulho, será uma oportunidade especialíssima de poder exibir nosso exuberante patrimônio cultural e ambiental, na esperança de promover interação de culturas, e de incentivar a geração de trabalho e renda para um número cada vez maior de pessoas, a partir do comércio informal.

A tarefa mais urgente, agora, no meu modo de ver, deve ser a montagem de um intenso calendário de eventos – que já deveria estar pronto – para que não percamos muito tempo. Um ano, para quem já está em março, e para uma programação que prescinde de políticas públicas, com recursos orçamentários específicos, é um espaço de tempo muito curto. 

O foco principal, além de nosso público interno, deve ser o turista. É ele, regional, nacional ou estrangeiro, que poderá ser atraído para conhecer nossa cidade, para revê-la, para sentir e se envolver com nossa cultura, e se encontrar refletido no traçado urbano, na arquitetura de uma cidade que é detentora do título de Patrimônio Cultural da Humanidade.

Além disso, o sol, o clima, as praias, a culinária, o folclore, as artes em geral, a tradicional hospitalidade maranhense, as frutas, os doces, a beleza étnica de nosso povo, numa perfeita fusão das três principais raças que o formaram. Tudo aqui é encanto, ao lado do verde vegetal que nos envolve, de forma quase constante e nativa.

O turismo é uma atividade econômica crescente no mundo inteiro, por sua capacidade de envolver mão-de-obra dos mais diversos setores profissionais ou dos mais diversos interesses comerciais. Considerado como indústria não poluente, o turismo consegue agregar um número ilimitado de pessoas, em suas múltiplas atividades de serviços, produzindo crescimento econômico.

Os turistas, venham de onde vierem, quando e como vierem, sempre contribuirão para tornar São Luís mais bela ainda, pelo jeito descontraído que exibem, pela maneira como se integram à paisagem, pelo diálogo mudo que travam com as formas dessa cidade tipicamente portuguesa: uma cidade azulejada, com sobrados de arquitetura imperial, com ruas pavimentadas com pedras, pelos serviços que aqui demandam.

Precisamos, no entanto, como tarefas do poder público estadual e municipal,  preparar nossa mão-de-obra, envolvida no setor, para receber bem o turista. Receber bem é tratar com cordialidade, com gentilezas, com simpatias, procurando informar-se para bem informar. Além disso, um bom sorriso ajuda; um pé de conversa sincera, também ajuda; a cobrança de preços não aviltantes é um fator essencial.

Cada segmento precisa de umas orientações específicas, além de outras de caráter mais genérico, por serem comuns a todos. Garçons, taxistas, balconistas, pessoal de agências de viagens, de transportes e passeios pela cidade, os guias de turismo, os promotores de eventos, os ambulantes de comércio informal, os artesãos, os vendedores de lojas de lembranças; os cidadãos, de um modo em geral.

As agências de viagens, os hotéis, as pousadas, os restaurantes constituem elementos basilares do sistema, pela interface que realizam fazendo o turismo receptivo, devendo ser estimulados a participarem, ativamente, desse esforço de crescimento, de geração de trabalho e renda.

O turista tem que ser recebido e tratado como um amigo, como um cidadão, mas também como um cliente consumidor. Sendo bem tratado, ele voltará ou fará recomendações positivas, trazendo mais turistas, mais recursos financeiros para dinamizar nossa economia. Mal tratado é um desastre, pois seu efeito multiplicador será negativo, afastando novos possíveis visitantes, novos amigos que aqui viriam investir.

Um cuidado, no entanto, precisamos manter, permanentemente, buscando um ponto de equilíbrio entre o desenvolvimento de nosso turismo e a preservação de nossos valores culturais, de nosso patrimônio histórico, arquitetônico e paisagístico, e de nosso patrimônio ambiental.

O título de Capital Brasileira da Cultura 2009 representa um momento especial para nossa cidade, para nossos artistas, nossa cultura tradicional, e deve ser praticado como um grande toque de reunir, de “guarnicê”, para que a literatura, as artes plásticas, as artes cênicas, a música, a dança, o cinema, possam ser realçadas com igual intensidade. Amar a cidade é viver sua cultura. É preciso amar a cidade.

 

4 thoughts on “Um título para “guarnicê”

  • 14 março, 2009 em 21:18
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    Excelentes analogias e dignas considerações! EIS AQUI O GRANDE DESAFIO GOVERNAMENTAL:
    Porém, não esqueçamos que com quase 400 anos da fundação de São Luis/Maranhão, onde o curso de turismo e hotelaria da Ufma com quase trinta anos, e quase dez anos dos cursos superiores de Turismo nas Faculdades/Universidades particulares, embora, saibamos que o turismo é uma atividade multisetorial,multidisciplinar e que gera emprego e renda, ainda não nos conscientizamos sobre a importância dos profissionais de turismo; seja ele o turismólogo, guia de turismo, tecnólogos em hotelaria e demais tecnicos para a comunidade ludoviscense e maranhense de modo geral, onde deveriam estar sendo aproveitados no ensino ético e profissional desta tão importante atividade no mundo atual.Deste modo tenho crido que tanto a secretaria do municipio quanto a secretaria de estado deveriam conjuntamente agirem no sentido de dar maior fuencia no ensino, aprendizado e conscientização por meio destes profissionais multiplicando os conhecimentos adquiridos nos cursos superiores e informações específicas da área de turismo/hotelaria para milhares de crianças ,adolescentes, jovens e adultos que estão em salas de aula por todo nosso estado no ensino fundamental e médio.
    Desta forma, Penso eu, que agindo com responsabilidade e pensando na possibilidade de implantarmos para as gerações futuras os valores no que tangem a sustentabilidade, preservação e conservação da nossa cultura, patrimônio edificado,cultural e ambiental gerando uma rede de pessoas bem informadas sobre a atividade turística, meio ambiente, cultura e até mesmo a história do nosso grandioso maranhão e como fazer para ingressar em seu mercado de trabalho valorizando estes profissionais graduados/técnicos na área e estabelecendo de uma vez um compromisso com nosso crescimento como pessoas sensíveis aod esenvolvimento ecosustentado e humanizado, para podermos sim, com isto, recebermos nossos visitantes com maior entendimento sobre os aspectos ja citados e tendo maior compreensão que nossos visitantes são sim multiplicadores das nossas belezas cênicas naturais, paisagisticas, culturais e naturais.
    o sempre amigo
    james willliam,
    abraço fraterno e saude sempre!!

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  • 14 março, 2009 em 21:34
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    AMAR A CIDADE NESTE SENTIDO É VALORIZARMOS AS CENTENAS/MILHARES DE PESSOAS QUE SE IMPENHARAM EM ADQUIRIR CONHECIMENTOS SOBRE TÃO ATUAL ATIVIDADE SOCIO-POLITICO-ECONÔMICA QUE É O TURISMO E OS COLOCAREM A DISPOSIÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO QUE DIGNIFICA E ENALTECE O SER HUMANO QUE É A EDUCAÇÃO! BASE ESTA DE UMA SOCIEDADE MODERNA COM RESPONSABILIDADE PARA COM AS ATUAIS E FUTURAS GERAÇÕES QUE VIRÃO E DIGNIFICARAM POR MEIO DO APRENDIZADO TODO A SOCIEDADE LUDOVISCENSE E MARANHENSE.eSTES PROFISSIONAIS ESTÃO APTOS A COLABORAREM COM UM DIGNO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO AUTOSUSTENTADO DO NOSSO ESTADO DO PONTO DE VISTA DE UM TURISMO ECOLOGICAMENTE CORRETO E SEM IMPACTOS NEGATIVOS PARA NOSSA SOCIEDADE.

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  • 17 março, 2009 em 9:21
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    IVAN SARNEY

    VCE QUE DEFENDE TANTO Á NOSSA CIDADE, NOSSA CAPITAL, NOSSA ILHA DO AMOR, PATRIMONIO DA HUMANIDADE, Á NOSSA CAPITAL , CONTINUA CHEIA DE BURACOS, É BURACOS POR TODA PARTE, EM TODOS OS LUGARES, PEQUENOS, MEDIOS GRANDES E GIGANTES, O QUE FAZER? É SE ANDAR NO TRANSITO FAZENDO COBRINHAS?: GOVERNANTES, VAMOS ARRUMAR SÃO LUIS, ACABAR COM Á BURAQUEIRA, COM O LIXO. QUE ANDA ESPALHADO PELO MEIO DAS RUAS.

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  • 28 março, 2009 em 11:34
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    Muito especial e justo esse título que São Luis recebeu: Capital brasileira da Cultura. O povode São Luis, agora, deverá zelar pela continuidade desse título, lutando para merece-lo a cada ano. E para tanto, torna-se mister que ajude a tornar a cidade apta a receber com dignidade os turistas. Não poderá permitir, por exemplo, que na Praia do Olho Dágua, perdure aquele espetáculo triste que observei: A água dos banheiros dos bares correndo por entre as mesas dos frequentadores. Os responsáveis pelo Turismo e pala Saúde Pública não podem permitir tais absurdos.

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