Pediatras recomendam ler em voz alta para crianças desde o nascimento

Leitura para criançasBoas notícias. Além de dar orientações sobre amamentação e imunizações, os médicos dirão aos pais para lerem em voz alta para seus filhos desde o nascimento, segundo uma nova política que a Academia Americana de Pediatria anunciou na terça-feira (24).

O grupo, que representa 62 mil pediatras de todos os Estados Unidos, está pedindo aos seus membros que se tornem fortes defensores da leitura em voz alta, toda vez que um bebê visitar o médico. Isso se deve ao maior reconhecimento de que uma parte importante do desenvolvimento do cérebro ocorre nos primeiros três anos da vida da criança e que a leitura para crianças amplia o vocabulário e outras importantes habilidades de comunicação.

“Deve ser abordado toda vez que entrarmos em contato com as crianças”, disse a médica Pamela High, autora da nova política. Ela recomenda que os médicos digam aos pais que devem “ler juntos como uma divertida atividade familiar diária” desde a primeira infância.

Essa é a primeira vez que a academia –que já emitiu recomendações sobre quanto tempo as mães devem amamentar seus bebês e aconselha os pais a manter seus filhos longe de telas até pelo menos os 2 anos– se manifesta sobre a alfabetização precoce.

Apesar dos pais ambiciosos e com alta escolaridade que já leem poesia e tocam Mozart para seus filhos desde o útero não precisarem deste conselho, a pesquisa mostra que muitos pais não leem para seus filhos com tanta frequência quanto pesquisadores e educadores acham ser crucial para o desenvolvimento de habilidades pré-alfabetização (que ajudam as crianças a terem sucesso assim que chegam à escola).

A leitura, assim como conversar e cantar, é vista como importante para aumentar o número de palavras que a criança ouve nos primeiros anos de sua vida. Há quase duas décadas, um estudo citado com frequência apontou que aos 3 anos, os filhos de profissionais mais ricos já tinham ouvido milhões de vezes mais palavras que os filhos de pais de menor escolaridade e baixa renda, o que dava às crianças que ouviram mais palavras uma vantagem clara na escola.  Nova pesquisa mostra que essas diferenças já surgem aos 18 meses.

Segundo uma pesquisa do governo federal sobre a saúde da criança, 60% das crianças americanas de famílias com rendas de pelo menos 400% o limiar federal de pobreza –US$ 94.400 por ano para uma família de quatro– ouvem leituras diariamente do nascimento até os 5 anos, em comparação a cerca de um terço das crianças de famílias que vivem abaixo da linha de pobreza, US$ 23.850 por ano para uma família de quatro.

Com pais de todas as faixas de renda cada vez mais dando smartphones e tablets para bebês, que aprendem a mover o dedo pela tela antes de aprenderem a virar uma página, a leitura em voz alta pode estar sendo relegada a um segundo plano.

Por Motoko Rick
The New York Times
Transcrito de UOL notícias Internacional

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