Barcos de papel

 

barcos de papel

 

 

 

 

 

 

Quando a chuva cessava e um vento fino

Franzia a tarde, tímida e lavada,

Eu saia a brincar pela calçada

Nos meus tempos felizes de menino.

 

Fazia de papel, toda uma armada

E erguendo o meu braço pequenino

Eu soltava os barquinhos, sem destino,

Ao longo das sarjetas, na enxurrada.

 

Fiquei moço. E hoje sei, pesando neles,

Que não são barcos de ouro meus ideais

São feitos de papel, são como aqueles,

 

Perfeitamente, exatamente, iguais

Que os meus barquinhos. Lá se foram eles,

Foram-se embora e não voltaram mais.

 

Autor:  Guilherme de Almeida 

               (Príncipe dos poetas brasileiros)

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